Mãe-de-santo anuncia em outdoor, mas diz que não cobra
Dois outdoors chamaram a minha atenção no caminho para o trabalho, hoje de manhã. Na Praça da Bandeira, na pista em direção ao Centro, e na Avenida Presidente Vargas, na pista sentido Zona Norte, Mãe Stela da Bahia anuncia seus serviços, garantindo que traz a pessoa amada em três dias e que não cobra trabalhos: "Não me confunda com outras. Tenho 50 anos de santo". Ok, Mãe Stela. A senhora não é igual a muitas que emporcalham a cidade pondo cartazes nos postes. Mas só resta uma dúvida: se a senhora não cobra dos clientes, como consegue pagar os anúncios em outdoors?
Quem lê minha coluna no GLOBO-Zona Norte sabe que nada tenho contra religiões afro-brasileiras. Como pessoa física e como pessoa jurídica. Gosto de enredos de escola de samba que dão visibilidade à umbanda e ao candomblé, que, em geral, aparecem na mídia com preconceito. Já fui a terreiros de umbanda, igrejas protestantes tradicionais (presbiteriana e batista) e missas católicas. Sempre sem desembolsar um centavo sequer para assistir às cerimônias. E já publiquei notas de eventos das três religiões: a Igreja Presbiteriana do Riachuelo, o Centro de Umbanda Cantinho do Pai Cipriano, no Encantado, e a Igreja de São Sebastião de Parada de Lucas não me deixam mentir. E posso dar novamente notas sempre que se tratar de prestação de serviço à comunidade, já que é isso que instituições religiosas sérias devem, diferenças à parte, ter em comum.
por Marcelo de Mello