Abalo global faz subirem os preços de oferendas a orixás e velas e afeta movimento no comércio especializado
Rio - No fim de ano marcado pelas turbulências na economia, as oferendas aos orixás pesaram mais no bolso dos adeptos da Umbanda e do Candomblé. A vela, um dos itens mais procurados pelos clientes, chegou a subir 70% em relação a 2007. Difícil foi segurar o repasse, dizem comerciantes. Consumidores reclamam que houve aumento de até 50% no kit para Iemanjá, em comparação ao valor do ano passado. Azeite de dendê, louças e bebidas também ficaram mais caros, mas, como o reajuste não foi significativo, lojistas mantiveram os preços, para atrair mais compradores.
Os efeitos da crise, segundo comerciantes, devem refletir diretamente nos valores em janeiro, quando as lojas terão mais dificuldade para segurar aumentos.
TROCA DE VELAS
Segundo Duarte Oliveira da Rocha, 64 anos, dono da Universo dos Orixás, no Mercadão de Madureira, apesar do avanço no valor de alguns itens, o impacto da crise ainda não é devastador. Ele explica que muitos lojistas ainda trabalham com produtos estocados, por isso, com a tabela antiga: “Quando houver necessidade de novas compras é que a coisa vai complicar. Isso deverá ocorrer já no mês que vem”.
Aumentos devem chegar a 10%, e fabricantes já estão ligando para lojas oferecendo descontos. “Estão com medo de as mercadorias encalharem”, diz Duarte.
A crise também afetou o movimento pelos corredores do tradicional centro comercial da Zona Norte. “As vendas caíram pelo menos 20% em relação ao ano passado”, afirma Duarte. O comerciante conta que alguns clientes deixam de comprar o pacote com 10 velas de sete dias para levar apenas uma, de 21 dias.
Arrocho afeta também fluxo de clientes
Dona da loja Ilê do Oxóssi, no Mercadão de Madureira, Patricia Valadares, 42 anos, reclama da queda no fluxo de clientes. “Desde outubro, o movimento caiu 20%”, afirma. Ela conta que, nos últimos dois meses, o amarrado de velas de sete dias passou de R$ 19 para R$ 30. As bebidas, segundo Patricia, também registraram aumento. “O preço subiu 20%”, diz a lojista. Outro item que encareceu foi o azeite de dendê, que passou a custar 40% mais do que em setembro, revela Patricia.
Já Francisco Nunes Adão, 63, proprietário do Cantinho de Boiadeiro, também no mercadão, preferiu absorver o reajuste e não repassar aos clientes. “Quando o aumento é irrisório, não vale a pena repassar. É melhor tentar ganhar na quantidade de vendas”, opina Francisco. Segundo ele, barquinhos para Iemanjá e velas foram os produtos que mais sofreram o impacto da crise financeira internacional.
Fonte: http://odia.terra.com.br