Apesar de a festa de Santa Bárbara ser uma das mais importantes do calendário baiano - e de nela ser servido caruru para milhares de pessoas no Centro Histórico de Salvador -, o preparo do quitute encontra dificuldades. Prova disso é que na tarde de quarta-feira, 3, véspera da festa, ainda começavam a chegar as doações ao Mercado de Santa Bárbara, na Baixa dos Sapateiros. “A esta hora a gente já deveria estar cortando os quiabos”, comentava Mãe Estelita de Oyá, ialorixá e coordenadora de eventos do mercado.
Segundo ela, que há sete anos lidera o preparo do alimento considerado sagrado pelos adeptos do candomblé, são necessários em torno de 15 mil quiabos (o equivalente a seis sacas) para servir em torno de 5 mil pessoas. Os gastos para atender a tanta gente chegam a cinco mil reais, dinheiro arrecadado entre fiéis durante as semanas que antecedem à celebração.
Para dona Izabel Batista, presidente da Associação Cultural e Social do Mercado de Santa Bárbara, que há 11 anos participa do preparo da comida sagrada, falta no local um “sentimento de união” na hora de organizar a celebração. “Na verdade eu acho que isso não tem faz tempo, isso foi com nossos ancestrais”, resigna-se. Segundo ela, o fato de boa parte dos comerciantes existentes no local ser adepto da fé evangélica também contribui para o desinteresse. “Aqui nós só contamos com os filhos-de-santo mesmo”.
Bombeiros - Em pior situação encontra-se a celebração a ser realizada na sede do primeiro Grupamento de Bombeiros Militares (1º GBM), na Barroquinha. Desde que, há três anos, o Ministério Público recomendou a não utilização do espaço por aglomerações devido ao precário estado de conservação do imóvel os bombeiros têm encontrado dificuldades para organizar o preparo e distribuição do quitute. Em 2008, a distribuição do caruru era uma incógnita ainda na véspera.
“Nos dois últimos anos quem realizou o caruru foi uma mãe-de-santo que queria pagar uma promessa, mas este ano ela não está mais participando, então não tem caruru”, explicou o Capitão Araújo, destacado no grupamento na tarde desta quarta-feira, 3. A informação era confirmada pela Tenente Ana Souza, do Centro de Atividade Técnicas dos Bombeiros, que se negou a oferecer o nome da ialorixá envolvida no preparo sob alegação de “não envolvê-la em situação constrangedora”.
A informação recebida pela coordenadora do Programa Pelourinho Cultural, Ivanna Souto, à frente da organização dos festejos, contudo, era de que o caruru iria acontecer. “Acabei de receber um convite formal para estar lá amanhã”, comentou.
O evento também foi confirmado pelo chefe de relações institucionais do grupamento do Corpo de Bombeiros, Adson Marchesini. "Terá caruru, porém será um evento pequeno e fechado, para cerca de 300 pessoas". Segundo Marchesini o evento será na Casa de Angola, na Praça dos Veteranos, na Baixa dos Sapateiros.
Secult - Por meio de sua assessoria de comunicação, a Secretaria de Cultura (Secult) informou que, em 2008, estão sendo destinados R$ 60 mil para as homenagens à Santa Bárbara. Desse total, R$ 11.560,00 serão destinados, em caráter retroativo, a quatro entidades que realizam os festejos: a Irmandade dos Homens Pretos da Bahia (que receberá R$ 6.900,00), a Sociedade Carnavalesca e Cultural Filhos de Korim-Efan (R$ 500), o Corpo de Bombeiros (R$ 2.750,00) e a Associação do Caruru de Santa Bárbara (R$ 1.500,00).
Fonte: Jornal A Tarde On line
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