As estátuas foram depredadas em 2006 e até hoje não foram reparadas. O autor das obras já restaurou oito, mas quer receber primeiro para depois entregar o serviço. Cada uma custou R$ 100 mil.
As oferendas já começam a chegar à Prainha. De acordo com o candomblé, 2009 é o ano de Oxossi, o orixá da prosperidade. Só que essa fartura não vai ser abençoada pelas imagens. Há 16 anos, simpatizantes da umbanda e do candomblé comemoram o réveillon na Prainha, no Lago Sul. Mas, pela primeira vez, nenhuma das 16 estátuas de orixás vai fazer parte da festa.
As imagens foram pichadas e quebradas em 2006. Iemanjá - a rainha das águas - foi incendiada. Nos dois últimos anos, o que sobrou dos orixás ainda estava na Prainha. Desde janeiro, as obras do artista plástico baiano Tatti Moreno estão sendo restauradas na Bahia. Ele afirma que só entrega o trabalho quando receber por ele.
“Estou esperando só para ter a certeza. Depois do contrato, me pagaram 50%. Minha equipe está pronta para se locomover de Salvador até Brasília, com as esculturas, para que elas sejam recolocadas. Espero que esse cansaço mental e espiritual acabe logo. Enfim, todo esse desgaste que vem ocorrendo”, diz Tatti Moreno.
Diante da polêmica, os adeptos dos cultos afro-brasileiros só têm a lamentar. “Nós temos um sentimento muito forte de vazio, pelo fato das estátuas não estarem aqui. Além disso, as agressões sofridas pelas estátuas são agressões às religiões de origem africana”, afirma o diretor da Federação Brasileira de Umbanda e Candomblé, Ribamar Veleda.
A Fundação Palmares informou que o processo para liberação do dinheiro está em análise na Procuradoria Jurídica. Não há previsão de quando vai sair o resultado dessa análise. Mesmo assim, a Federação de Umbanda e Candomblé do DF espera que as estátuas estejam de volta à Prainha para a Festa do Caboclo, no dia 24 de janeiro.
Programação
Está previsto um cortejo para hoje à noite, que sai da Rodoviária do Plano Piloto às 21h, rumo à Prainha, no Lago Sul, onde acontece a festa tradicional. À meia-noite deve ser feita a entrega das oferendas à Iemanjá, na beira do lago.
Paulo Leite / Luiz Gonzaga Pinto
Fonte: http://dftv.globo.com