Brasília - Quando Beatriz Moreira Costa, a ialorixá Mãe Beata, de 78 anos, procurou a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) para propor um estudo sobre religiões de matriz africana, o principal objetivo era ajudar as comunidades de terreiros a resolver problemas estruturais – de saneamento básico, saúde e educação, por exemplo – e a preservar a cultura negra nesses espaços. “Essa nação nos deve muito, por toda a segregação, por todo o martírio que o meu povo passou”, afirma.
Segundo ela, essas religiões são “cultura que se passa oralmente” e precisam ser preservadas. “Eu quero mostrar que dentro das casas de candomblé, umbanda, catimbó etc. existe cultura, existe saber, que as pessoas que estão lá precisam ser respeitadas, precisam de saúde”, ressalta. “Nosso papel não é ficar trancado em casa esperando”, acrescenta.
Ao citar o problema da falta de respeito, Mãe Beata se refere a um tipo de perseguição que as comunidades de terreiro dizem sofrer por parte de religiosos e de seguidores de outras crenças, que, na opinião dela, “não entendem os ensinamentos milenares das religiões de matriz africana”.
“Eu não gosto da palavra intolerância. É falta de respeito mesmo. Ninguém é obrigado a nos tolerar. É obrigado, sim, a nos respeitar”, afirma Mãe Beata, que nasceu numa encruzilhada, no município de Cacheiras do Paraguaçu – no Recôncavo Baiano – e é semi-analfabeta. Ela conta que propôs à PUC a elaboração do estudo para que a questão religiosa fosse superada em função da preservação cultural.
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