Quando fundou a Igreja Universal do Reino de Deus, em 1976, Edir Macedo criou, também, o que hoje classificamos como "neopentecostalismo" (a expressão foi usada, pela primeira vez, que eu saiba, por Ricardo Mariano, referindo-se à Universal e ao elenco de igrejas que seguiram seu modelo, como a Internacional da Graça e a Renascer em Cristo). Mas o que é mesmo o neopentecostalismo - esta forma religiosa que vem avançando, de modo agressivo e exitoso, contra o catolicismo, o espiritismo kardecista, a umbanda e o candomblé?
Um de seus traços distintivos é certamente o caráter empresarial. Muito mais do que como uma igreja, as correntes neopentecostais se organizam como empresas. Em As Figuras do Sagrado: Entre o Público e o Privado, Maria Lúcia Montes observou que mesmo o próprio recrutamento do clero da Universal segue o modelo do "franchising" - "os pastores ′adquirem′ seus postos mediante contrato com a igreja, com cláusulas bem definidas de obrigações e direitos, e cuja rescisão pode até mesmo dar lugar a processos trabalhistas".
O que temos, então, é a empresa neopentecostal atuando com desenvoltura no mercado de bens religiosos. E aqui chegamos a um outro traço distintivo dessas igrejas: além da investida empresarial no mercado de bens simbólicos de tipo religioso, o neopentecostalismo é midiático. O que se constituiu, no panorama religioso brasileiro, do final da década de 1970 para cá, foi uma igreja empresarial-eletrônica. Que sabe jogar - e joga - pesado, seduzindo e conquistando adeptos a cada dia, numa progressão espantosa.
O neopentecostalismo aparece, assim, como um protestantismo de massas, protestantismo populista, montado no uso intensivo e extensivo dos mais poderosos meios de comunicação. Com força impressionante, claro - que é preciso ter muita força, disposição e coragem para atacar, no Brasil, o catolicismo, o espiritismo, o umbandismo e o candomblé. E os neopentecostais, até aqui, estão ganhando a guerra. Basta ver a surra que o umbandismo vai levando no Rio de Janeiro - que já chegou a ter, aliás, duas governadoras evangélicas, uma branca e uma negra: Rosinha Garotinho e Benedita da Silva.
A Igreja Católica, que também vinha perdendo feio - especialmente, quando se pedestrianizou com a "teologia da libertação", o fim da missa em latim, etc. -, parece que realmente aprendeu. E resolveu entrar armada na disputa. Para isso, adotou as armas do neopentecostalismo. Vale dizer, acionando a seu favor marketing e mídia. É verdade: os católicos possuem hoje, no Brasil, nada menos do que 13 emissoras de televisão, dez gravadoras, 40 editoras e 97 rádios. É um contingente respeitável, nada insignificante.
"Devemos copiar aquilo que deu certo na forma com que os evangélicos utilizam a grande mídia", declara monsenhor Jonas Abib, o fundador da Canção Nova, o grande centro da comunicação católica no Brasil. As coisas começaram há um tempo. Mas a grande virada veio mesmo com o padre Marcelo Rossi, que, no final da década de 1990, se converteu num dos maiores fenômenos midiáticos do país, cantando em tudo quanto é lugar, de programas de tevê a trios elétricos. Padre Marcelo celebra missa na televisão, tem um programa na Rádio Globo, faz filmes e já vendeu milhões de cedês. Dez anos depois, ele diz que tem - e muito - o que comemorar. E se vangloria de ser um dos grandes responsáveis pelo aumento da freqüência de católicos à igreja.
Os terreiros de candomblé não têm cacife para entrar numa competição desse tipo. De cara, não têm grana. Mesmo porque os terreiros não formam uma igreja, como a dos católicos. Individualmente, cada terreiro é pobre. E acho que não passa, pela cabeça de ninguém, transmitir ao vivo, via tevê, um xirê, uma festa de orixá. Ao mesmo tempo, nunca o candomblé foi tão prestigiado, no Brasil, quanto nos últimos 20 anos. Templos são tombados, editoras lançam livros e livros sobre candomblé, políticos, empresários e estrelas da cultura de massa fazem a cabeça, viram filhos-de-santo ou, no mínimo, freqüentam terreiros. Será que, em troca do próprio bem que o terreiro faz, essas pessoas - que têm dinheiro, prestígio e poder - não poderiam, igualmente, fazer um bem ao candomblé? Não dá para dar uma forcinha?
Fonte: Jornal A Tarde Online
domingo, 30 de novembro de 2008
O candomblé não vai reagir?
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Cia Baobá apresenta peça sobre cultura e heranças da África
domingo, 23 de novembro de 2008
Primeiro Terreiro de Candomblé
EM HOMENAGEM A MAIS ANTIGA CASA DE AXÉ DO BRASIL
José Abade de Oliveira
Ótun Olu K’otun Jagun
Máxima da Casa Branca:
E NI SE IRE SE E FUN ARA RE
E NI SIKA SE E FUN ARA RE
IRE KO NI SAI GBE NI, IKA KO NI
SAI KA ONIKA, BI INU BA MO ESINSIN
ONIKA KOLE KUN NI.
Tradução:
Aquele que faz o bem
Faz bem a si mesmo
Aquele que faz o mal
Faz mal a si mesmo
A virtude tem sua boa recompensa
E o mal sua conseqüência má,
Mas se a consciência de alguém
É clara, a mosca má enviada…
Pelo mal, não faz mal.
Ilê Axé Iya Nassô Oká / Terreiro da Casa Branca
No período da escravidão no Brasil, os negros formavam suas comunidades nos engenhos de cana. Na Bahia, princesas, na condição de escravas, vindas de Oyó e Keto, fundaram um centro num engenho de cana. Depois se agruparam num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de Nagô, que segundo historiadores, remonta mais ou menos 300 anos de existência. Sabe-se que esta comunidade fora fundada por três negras africanas cujos nomes são: Adetá ou Iya Detá, Iya Kalá e Iya Nassô. Não se tem certeza de quem plantou o Axé, porém o Engenho Velho se chama Ilé Iya Nassô Oká. O Ilê Iya Nassô funcionava numa Roça na Barroquinha, dentro do perímetro urbano de Salvador.
Os africanos que se encontravam ali, lugar deserto naquela época, porém próximo ao Palácio de sua Real Majestade, tiveram receio da intervenção das autoridades no seu Culto, daí, Iya Nassô resolveu arrendar terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, no trecho chamado Joaquim dos Couros, lugar onde se encontra até hoje, estabelecendo aí o primeiro Terreiro de Culto Africano na Bahia.
A Iya Nassô, sucedeu Iya Marcelina. Após a morte desta, duas das suas filhas, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, disputaram a chefia do candomblé, cabendo à Maria Júlia Figueiredo que era a substituta legal (Iya Kekeré) tomar a posse de Mãe do Terreiro. Maria Júlia da Conceição afastou-se com as demais discidentes e fundaram outra Ilé Axé, a saber: Ilê Omi Axé Iyá Mase. – Gantois.
Substituiu Maria Júlia Figueiredo na direção do Engenho Velho, a Mãe Sussu (Ursulina de Figueiredo). Com a sua morte nova divergência foi criada entre suas filhas, Sinhá Antonia, substituta legal de Mãe Sussu, por motivos superiores não podia tomar a chefia do Candomblé, em conseqüência o lugar de Mãe foi ocupado por Tia Massi (Maximiana Maria da Conceição).
Vencendo o partido da Ordem, os discidentes inconformados fundaram então uma outra Ilé Axé. Talvez seja oportuno abrir um parêntese. O explanador é sobrinho de Sinhá Antonia e Ogan de Oxaguian da Tia Massi. Maximiana Maria da Conceição, Tia Massi foi sucedida por Maria
Deolinda, Mãe Oké. A direção sacerdotal do Engenho Velho foi posteriormente confiada à Marieta Vitória Cardoso, Oxum Niké, que, com sua morte, foi substituída pela Mãe Tatá . Atualmente, assumiu a chefia da Casa, a Iyalorixá Altamira Cecília dos santos, Mãe Tatá, filha legítima de Maria Deolinda.
Sociedade Beneficente e Recreativa:
A Sociedade Beneficente e Recreativa São Jorge do Engenho Velho que representa o candomblé da Casa Branca foi fundada a 25 de julho de 1943, registrada no Cartório Especial de Títulos e Documentos em 2 de maio de 1945 sob nº 15.599, declarada de utilidade pública pela Lei Municipal 759 de 31 de dezembro de 1956, é regida por Estatuto e tem personalidade jurídica.
Sua Diretoria é composta por um presidente, um vice, 1º e 2º secretário, 1º e 2º tesoureiro. Assembléia geral, com presidente, 1º e 2º secretários. Comissão fiscal, composta por três membros.
Atualmente a Diretoria da Sociedade é exercida pelo Sr. Antônio Agnelo Pereira. Ministro de Oxalá, Oxogum e Obalaxé do Ilé Iya Nassô Oká, Casa Branca.
A Diretoria de Honra da Entidade é composta pela Trilogia Sacerdotal do Axé, atualmente representada nas pessoas da Iya Altamira Cecília dos Santos, Iya Juliana da Silva Baraúna e Iya Areonite da Conceição Chagas.
Existe ainda a Diretoria do Patrimônio e uma Comissão de Defesa do Patrimônio.
O Terreiro
O Terreiro é de Oxossi e o Templo principal é de Xangô. O Barracão que tem o nome de Casa Branca, é uma edificação alongada com várias divisões internas que encerram residências das principais pessoas do Terreiro, como também espaços reservados aos quartos de Orixás, quarto de Axé, Salão onde se realizam as festas públicas, bem como a cozinha onde se preparam as comidas sagradas. Uma bandeira branca hasteada no Terreiro indica o caráter sagrado deste espaço. No telhado do Barracão, símbolos de Xangô identificam o Patrono do Templo.
O terreno fica situado numa encosta que se estende até uma cota de 30.00m com declividade de 30%, no lado direito da atual Av. da Gama, o sentido de progressão para o Rio Vermelho, entre as Ladeiras Manoel do Bonfim e do Bogun, na Unidade Espacial C-5 em Salvador - Bahia. Ocupa uma área de 6.000m². Tem como endereço, Av. Vasco da Gama, 463. Em redor do Barracão existem várias casas de Orixás.
As obrigações religiosas da Ilé Axé começam no fim de maio ou princípio de junho com a Festa de Oxossi. A Festa de Xangô Airá tem lugar a 29 de junho. Na última sexta-feira de agosto, realiza-se a Cerimônia da Água de Oxalá, seguindo-se os três domingos consecutivos, nos quais se festeja Odudwa no primeiro, Oxalufan no segundo e a Festa do Pilão em homenagem a Oxaguian, no último domingo. Na segunda-feira imediata, festeja-se Ogum e na seguinte Omolú. Havendo, no entanto, um espaço para iniciação de novas filhas, prossegue as festas em louvor a Yansã, Xangô, Iabás e Oxum, terminando o ciclo festivo no final de novembro.
Situação atual.
No iníco, as atividades do Ilé Axé sofreram perseguições da Sociedade e por parte da Polícia. Já no período da República, o candomblé fora proibido de exercer as suas atividades e os Terreiros ficaram subjugados à Delegacia de Jogos, Entorpecentes e Lenocínio. Hoje, porém a situação é diferente. Existe na Prefeitura de Salvador, o Projeto MAMNBA da Pro-Memória, sob a direção do Antropólogo o Dep José Trindade Serra, cujo objetivo é proceder ao Mapeamento de Sítios e Monumentos Religiosos Negros na Bahia.
Em 14 de junho do corrente ano, o Ministério da Cultura, a Prefeitura Municipal de Salvador e o Ministério da Relações Exteriores, em conjunto lançaram oito postais sobre a Ilé Axé Iya Nassô Oká e a revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional publicaram - A Coroa de Xangô no Terreiro da Casa Branca - em separata do número 21/1986. Chegou então a hora da proteção a todos os Terreiros de Candomblé do Estado. Língua Yorubá nos Currículos de 1º e 2º graus.
Diante da solicitação da Sociedade Beneficente São Jorge do Engenho Velho, conforme fundamentação e comprovação firmada pelo presidente, Sr. Antonio Agnelo Pereira, cultor de etnografia afro e diplomado em Língua Yorubá pelo Centro de Estudos Afro Orientais da Universidade Federal da Bahia, o Conselho Estadual de Educação aprovou introdução da Língua Yorubá nos Currículos de 1º e 2º Graus nos Colégios de Rêde de Ensino do Estado.
Saudação.
O Ilé Axé Iya Nassô é o 1º Templo de Culto Religioso Negro no Brasil - Casa Branca do Engenho Velho.
É o primeiro Monumento Negro considerado Patrimônio Histórico do Brasil desde o dia 31 de maio de 1984 (Tombamento do Terreiro do Engenho Velho).
Antes disso, em 1982, o Terreiro já havia sido tombado como Patrimônio da Cidade do Salvador 1ª Capital do Brasil.
Em 1985 o Terreiro do Engenho Velho foi considerado Axé Especial de preservação Cultural do Município de Salvador.
A Sociedade São Jorge do Engenho Velho, representante legal da Comunidade do Ilé Axé Iya Nassô Oká foi considerada de utilidade pública Municipal e Estadual. É Membro do Conselho Geral do Memorial Zumbi.
Atualmente está feito o Plano de preservação do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho e prepara-se o Projeto de Recuperação da área em convênio com o Ministério da Cultura e a Prefeitura Municipal do Salvador.
O Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, mais antigo do Brasil, tem como Iyalorixá a Venerável Altamira Cecília dos Santos, secundada pelas veneráveis Iya Kekeré Juliana da Silva Baraúna e Otun Iya Kekeré Areonite Conceição Chagas.
Possui um vasto Colégio Sacerdotal composto pelas Iya bomin, Ogans e Olossés, além de muitas Iyaôs e Abians.
Em nome da Iyalorixá e de todo o Corpo sacerdotal do Terreiro, transmitimos nossas saudações aos irmãos negros dos Estados Unidos e de todo o Mundo.
Abraçamos também os Povos e Nações existentes no Continente Americano e todos os Homens de boa vontade pela Paz e Igualdade de todos.
Axé.
Londrina: A voz de todos os santos
Ela estréia nesta sexta-feira (14), às 21 horas, na Vila Cultural Cemitério de Automóveis o show “Vilma de Todos os Santos”, que será reapresentado, no mesmo horário e local, no sábado (15). No repertório, samba autêntico. No cardápio, comida afro-brasileira preparada no capricho.
O show é um sonho antigo de Dona Vilma e de alguns músicos que agora se reúnem com a cantora pela primeira vez. Ela será acompanhada por Marco Scolari (acordeão e violão); Bernardo Pellegrini (violão); Ricardo Penha (baixo); Marcelo Siqueira, Vlad e Vítor Jubiabá dos Santos (percussão). O repertório traz sambas de grandes compositores como Pixinguinha, Dorival Caymmi, João Bosco, Aldir Blanc, João da Baiana, Ary Barroso e Noel Rosa, entre outros.
Vilma Santos, conhecida em Londrina também como divulgadora do samba de roda - que já mostrou em apresentações e oficinas - diz que é a primeira vez que faz um show profissional: ”É uma novidade “ - afirma e canta um trechinho da música “Yaô”, de Pixinguinha, que já traz no nome uma referência ao candomblé.
“Akicó no terreiro
Pelo adié
Faz inveja pra gente
que não tem mulher”
“Olha aí - ela diz - esta letra traz expressões do candomblé. Akicó é galo, adié é galinha, Pixinguinha brinca com a inveja dos homens que, ao contrário do galo no terreiro, não têm mulher. E yaô é um iniciado”
Didática e musical, a yalorixá explica que sempre fez a “ponte” entre o terreiro de candomblé e a comunidade em geral. Seus instrumentos? A música, a dança, os ritmos, características de uma religião que ela considera alegre. Por conta desta crença, incentivou em Londrina as manifestações da cultura popular, ajudou a dar identidade ao movimento negro, abriu um viés político e também colaborou para a implantação do sistema de cotas na Universidade Estadual de Londrina - UEL – para os afro-descendentes. Além disso, deu oficinas de culinária típica, de samba-de-roda, criou um afoxé que abriu, por alguns anos, os desfiles do Carnaval de rua, foi uma das criadoras e maiores incentivadoras da Quizomba, festa realizada na Usina Cultural e outros espaços públicos da cidade que chega a reunir um público de mais mil pessoas, aos domingos, em torno de um prazer comum: cantar e dançar samba.
Com esta trajetória, Vilma Santos é uma expressão que traz na voz a força da liderança e da alegria, dando também voz ao movimento negro na cidade há quatro décadas.
Celebrar 40 anos de sacerdócio e da divulgação da cultura afro-brasileira foi a grande motivação para fazer o show que, na sexta e no sábado, terá duas apresentações no Cemitério de Automóveis e depois segue, durante o mês, em outros locais: Concha Acústica (dia 21, às 18h30); Teatro Zaqueu de Melo (dia 23, às 21 horas); Calçadão (dia 29, às 10h30.) Em dezembro, o show será apresentado também numa festa de Quizomba, em local e horário a serem definidos.
Nesta sexta e sábado, os shows de estréia no Cemitério de Automóveis têm ingressos a R$ 20,00. Eles podem ser adquiridos antecipadamente na Loja Ciranda (Rua Jorge Velho, 295); Empadaria Nacional (Rua Euclides da Cunha, 42, próximo ao Mercadão do Shangrilá) e na Escola Municipal de Teatro(Rua Acre, 315). Também estarão à venda no local dos shows de estréia, nos dias de apresentações.
Cantando em português e nagô, Vilma Santos , aos 59 anos, acalenta outros sonhos. Entre eles, escrever um livro, para registrar os 40 anos de candomblé. “Seria um registro permanente, um documento da nossa luta e manifestações culturais e religiosas, que começam no terreiro e deixam sementes na cidade.”
Que os orixás contemplem mais este sonho.
Fonte: www.jornaluniaodosbairros.com.br
Templos no espaço urbano
Nos terreiros, diante das entidades cultuadas, o povo negro guarda a memória da África e da escravidão, seus símbolos de resistência e consciência da dignidade. Os espaços na metrópole sempre foram definidos por segmento social e econômico que coincidem com o segmento religioso. É muito raro vermos um terreiro no centro da cidade ou em algum bairro nobre, com algumas exceções.
O Artigo 5, inciso VI, da Constituição Federal, dá o direito objetivo de liberdade ao culto. A Lei 10.257/01 estabeleceu o Estatuto da Cidade, instituindo o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e deu outra tônica nas relações sociais, econômicas, culturais, políticas e humanas.
O mapeamento, o projeto de urbanização de terreiros e os avanços do PDDU demonstram a importância dos terreiros para Salvador. Nos terreiros de candomblé se preservam o verde, as folhas sagradas e remanescentes da mata atlântica, além das relações de solidariedade entre o povo-de-santo. O Decreto nº 6.040 que institui a política nacional de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais reconhece o valor dos templos de religiosidade de matriz africana.
O Seminário "Espaço Urbano e Templos da Religiosidade de Matriz Africana", realizado ontem, no Centro de Convenções da Bahia, pretendeu materializar o sonho de reparação para Salvador. Trouxe informações importantes: como adquirir a imunidade tributária na Secretaria da Fazenda do Município; como regularizar a situação da terra onde está localizado o terreiro com a Secretaria de Habitação, e a expedição do TVL (Termo de Viabilidade de Localização) com a Sucom. Fortalece as organizações sociais e locais dos terreiros e ajuda no acesso a financiamentos públicos.
A Secretaria de Planejamento, Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Salvador estabeleceu a política pública urbana para os terreiros, em uma cidade com cerca de 80% da população afrodescendente.
É uma ação afirmativa para uma mudança de relação, fruto de uma articulação com a Fenacab (Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro), instituição de mais de 40 anos de existência. Também é um importante diálogo, que dá a Prefeitura de Salvador a oportunidade de mostrar as razões da existência de uma Secretaria Municipal de Reparação. Lançamos durante o evento uma cartilha para orientar os terreiros. Que Olorum proteja todos nós! Axé.
Fonte: A Tarde Online
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Mestres da memória
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Aperipê TV celebra cultura negra com Especial Orixás
JornaldaCidade.Net
Aracaju (20 nov) - Nesta quinta-feira, 20, é comemorado o Dia Nacional da Consciência Negra. Inspirada na data em que o país se propôs a refletir sobre a importância e a inserção do negro na sociedade brasileira, a Aperipê TV produziu o Especial Orixás, como forma de celebrar a cultura negra em Sergipe. Rodado durante a segunda semana de novembro em Aracaju e Laranjeiras, o Especial vai ao ar neste sábado, 22, às 15h, com reprise no domingo, às 21h30.
O documentário leva o telespectador ao mundo do candomblé. O culto aos orixás, a ligação com os elementos da natureza, os rituais, a relação entre a religião afro-brasileira e a católica e o funcionamento dos terreiros são alguns dos pontos abordados no documentário. O Especial traz, ainda, depoimentos de seguidores do candomblé e estudiosos no assunto, que buscam desmistificar a religião e quebrar tabus e preconceitos.
A fé e a crença dos adeptos do candomblé impressionam pela veracidade e pela força. Os seguidores são pessoas que dedicam suas vidas ao culto dos orixás e à transmissão da religião para outras gerações. Os adeptos do candomblé reúnem-se em irmandades ou comunidades e possuem um estilo de vida próprio, com total devoção à religião. O terreiro é o local onde acontecem os rituais e foi, também, o lugar onde a equipe da Aperipê TV conseguiu as imagens mais interessantes.
Como explica o diretor do documentário, Beto Matuck, o Especial Orixás surgiu da vontade da Aperipê TV em difundir ainda mais a cultura negra em sua programação: “A emissora tem o interesse em divulgar cada vez mais a cultura negra, e a produção deste Especial representa, na verdade, o começo de um resgate da cultura negra sergipana”, afirma o diretor.
Fonte:www.jornaldacidade.net
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Para líder religiosa, estudo pode ajudar a preservar cultura afro-brasileira
Brasília - Quando Beatriz Moreira Costa, a ialorixá Mãe Beata, de 78 anos, procurou a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) para propor um estudo sobre religiões de matriz africana, o principal objetivo era ajudar as comunidades de terreiros a resolver problemas estruturais – de saneamento básico, saúde e educação, por exemplo – e a preservar a cultura negra nesses espaços. “Essa nação nos deve muito, por toda a segregação, por todo o martírio que o meu povo passou”, afirma.
Segundo ela, essas religiões são “cultura que se passa oralmente” e precisam ser preservadas. “Eu quero mostrar que dentro das casas de candomblé, umbanda, catimbó etc. existe cultura, existe saber, que as pessoas que estão lá precisam ser respeitadas, precisam de saúde”, ressalta. “Nosso papel não é ficar trancado em casa esperando”, acrescenta.
Ao citar o problema da falta de respeito, Mãe Beata se refere a um tipo de perseguição que as comunidades de terreiro dizem sofrer por parte de religiosos e de seguidores de outras crenças, que, na opinião dela, “não entendem os ensinamentos milenares das religiões de matriz africana”.
“Eu não gosto da palavra intolerância. É falta de respeito mesmo. Ninguém é obrigado a nos tolerar. É obrigado, sim, a nos respeitar”, afirma Mãe Beata, que nasceu numa encruzilhada, no município de Cacheiras do Paraguaçu – no Recôncavo Baiano – e é semi-analfabeta. Ela conta que propôs à PUC a elaboração do estudo para que a questão religiosa fosse superada em função da preservação cultural.
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Estudo vai mapear comunidades de religiões africanas
Brasília - Um mapeamento detalhado sobre as religiões de matriz africana está sendo produzido pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, em parceria com líderes religiosos e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da Presidência da República.
Segundo a coordenadora do estudo na PUC, Denise Pine, o objetivo não é “abordar questões de caráter ideológico e litúrgico” de religiões como candomblé e umbanda. “A premissa teórica da pesquisa é que essas casas são verdadeiros 'núcleos duros' de resistência da cultura negra. Elas são muito mais que centros religiosos. São territorialidades negras dentro das cidades.”
De acordo com Denise, o estudo foi motivado pela “perseguição que os terreiros vêm sofrendo "por parte de seguidores de algumas religiões cristãs”. Além do mapeamento geográfico, será produzido um cadastro para reunir informações socioeconômicas sobre as comunidades dos terreiros. Serão avaliadas, por exemplo, acesso a serviços públicos, necessidades de infra-estrutura urbana e se esses espaços estão situados em áreas de encostas ou de proteção ambiental.
Três conselhos – um formado por professores que não são da PUC, um acadêmico da universidade e outro integrado por 14 religiosos ligados aos terreiros estão à frente da pesquisa. “Isso deixa a gente seguro para trabalhar com um tema tão complexo, fruto de tanto preconceito e de tanta politização na nossa sociedade”, avalia Denise Pine.
A pesquisa deverá durar um ano no Rio de Janeiro e será o piloto do projeto. Depois de finalizada a primeira etapa, a Seppir pretende estender o mapeamento para outros estados do país.
“A partir desse levantamento, nós vamos apresentar propostas para os outros ministérios e articular ações de governo para sanar os problemas das comunidades de terreiros”, informa o subsecretário de Comunidades Tradicionais da Seppir, Alexandre Reis.
Ele lembra também que muitos terreiros estão em áreas irregulares e que isso causa uma “insegurança jurídica”. Com o mapeamento, a secretaria também pretende agir para regularizar esses espaços.
Fonte: Jornal da Midia
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Religiões afro-brasileiras unidas no combate à Aids
Justiça baiana manda recolher livro de padre
A Justiça da Bahia determinou o recolhimento, em Salvador, de todos os exemplares de um livro escrito pelo padre Jonas Abib, fundador da comunidade católica Canção Nova, ligada à Renovação Carismática, ala conservadora da igreja.
Para o Ministério Público baiano, que pediu o recolhimento do livro "Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação", da editora Canção Nova, o padre cometeu o crime de "prática e incitação de discriminação ou preconceito religioso", previsto na lei 7.716, de 1989. Cabe recurso à Justiça.
De acordo com o promotor Almiro Sena, Abib faz no livro "afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto".
A ação cita trechos do livro que, na avaliação da Promotoria, trazem ofensas ao espiritismo e às religiões afro-americanas. "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde nos rituais e nas práticas do espiritismo, da umbanda, do candomblé", diz Abib na obra.
Em outro trecho, o padre diz que "o espiritismo é como uma epidemia e como tal deve ser combatido: é um foco de morte". Também há referência ao culto a imagens. "Acabe com tudo: tire as imagens de Iemanjá (que na verdade são um disfarce, uma imitação de Nossa Senhora). Acabe com tudo! Mesmo que seja uma estátua preciosa, mesmo que seja objeto de ouro, não conserve nada. Isso é maldição para você, sua casa e sua família."
Para o Ministério Público, o livro ofende o princípio de liberdade de crença previsto na Constituição Federal, e afronta as "integridade, respeitabilidade e permanência dos valores da religião afro-brasileira" previstos na Constituição baiana.
Como atua em Salvador, o promotor pediu o recolhimento da obra só na capital, onde o livro é vendido por R$ 15,90. Segundo a Promotoria, foram vendidos 400 mil exemplares no país em 2007. Para Sena, isso "demonstra a amplitude alcançada pelas idéias contidas no seu conteúdo e o grave risco de propiciar o acirramento de conflitos étnico-religiosos".
O juiz Ricardo Schmitt acatou a denúncia contra o padre e mandou intimá-lo a comparecer a audiência de interrogatório, em dia a ser definido. A pena prevista neste caso é de um a três anos de prisão, e multa.
Outro lado
Em nota, a Canção Nova informou não ter sido comunicada da decisão judicial. Negou, contudo, que o livro incorra em preconceito religioso. "A obra é meramente conceitual e não tem o propósito de incitar qualquer discriminação ou preconceito religioso."
A nota afirma ainda que Abib "sempre se pautou pelo profundo respeito a todas as pessoas e ideologias, difundindo a doutrina da Igreja Católica e o amor cristão através dos meios de comunicação". Diz que o propósito do livro é "orientar os católicos a viverem com coerência a vida cristã de acordo com a linha filosófica e teológica defendida pela igreja."
Fonte: Folha de São Paulo
domingo, 16 de novembro de 2008
Caminhada pela paz no Engenho Velho da Federação
Um pedido contra a intolerância religiosa e pela paz vestiu de branco as ruas do Engenho Velho da Federação. Neste sábado, 15, à tarde, cerca de cem pessoas percorreram as ruas do bairro, a Garibaldi e a Vasco da Gama para lembrar à sociedade a necessidade da boa convivência entre todos. “Cultuar é um direito de todos. No mundo de hoje, não era mais para estarmos pedindo para respeitarem a nossa religião”, reivindica Valnízea Pereira, a mãe Val de Ayra, do Terreiro do Cobre.
A IV Caminhada pela Contra a Violência, a Intolerância Religiosa e Pela Paz marca a luta dos terreiros de candomblé contra as igrejas evangélicas no bairro. Valnízea conta a reivindicação surgiu quando evangélicos ficavam distribuindo panfletos nas portas dos terreiros e chamando as pessoas para não entrarem neles. “Desde então, já houve uma mudança. Agora eles (igreja evangélica) têm processos para responder, já há vitórias nossas na justiça”, avalia as mudanças a mãe de santo.
Já Hildete Sampaio, mãe Dete, do Terreiro Y Leáxe O Juire, diz que está é uma oportunidade do bairro mostrar que lá também existem pessoas de bem. “Esta caminhada é importante porque nosso bairro é visto como um dos piores de Salvador”, justifica Hildete. Para a mãe de santo é necessário mais policiamento e mais atenção das autoridades para diminuir a violência na região.
A possibilidade da caminhada realizada no bairro servir como exemplo para outras localidades de Salvador também é lembrada. Waldemar Oliveira, coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), ressalta que na Bahia não cabe nenhum tipo de preconceito religioso. “Nossa miscigenação religiosa não permite estas atitudes. Se este respeito vigorar nós viveremos em paz”, pondera Oliveira.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Deputado quer fim da intolerância religiosa
O parlamentar assinalou que para proteger esta parcela da sociedade, já existe no País, a Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007. Em referência a data escolhida para combater o extremismo contra os fiéis de Mato Grosso, ele explicou que é em virtude do assassinato de uma mãe-de-santo, em Salvador-BA, praticado por fanáticos.
“Precisamos erradicar a desinformação e o preconceito. Dar fim, em informações errôneas sobre algumas religiões, sobretudo as que possuem um menor número de adeptos em nosso país”, discorreu o pepista ao falar da importância da harmonia entre as pessoas. “Cada um de nós tem a sua opção religiosa e alguns optam, inclusive, por em nada crer. O dever do Estado em um país livre é o de garantir a liberdade de crença e permitir que cada um possa professar sua fé”, complementou Campos Neto.
Em sua justificativa, o deputado disse que apresentou a propositura, primando por uma convivência pacífica e respeitosa entre os integrantes das diversas religiões do país, o que segundo ele, não poderia ser diferente, dada a diversidade étnica brasileira.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Um sacerdote africano do século 19
O livro conta a história da vida e da prisão de um sacerdote do candomblé que vivia em Salvador na segunda metade do século 19.
Vizinho de Castro Alves, foi acusado de feitiçaria e receptação de objetos roubados. Vestiu o uniforme de veterano da Guerra da Independência para ser levado à cadeia. Ficou cinco dias na cana e morreu em 1887, com uns 90 anos de idade.
Se a vida dos barões desfila em discursos, festas e panegíricos de um império de macaquice, a dos escravos sobrevive nos inquéritos policiais, nos arquivos eclesiásticos e, em alguns casos, nos inventários. Esse foi o mundo de Sodré desenterrado por Reis. A grandeza do trabalho está na reconstrução da vida e da cultura dos negros de Salvador. O professor teve paciência e sorte, pois apesar de tudo o sacerdote deixou mais rastro que Jim Robinson, o tataravô de Michelle Obama, que nem túmulo tem.
Domingos nasceu na Nigéria nos últimos anos do século 18 e chegou escravizado a Salvador no início do Oitocentos. Um viajante descreveu o movimento da cidade à época: "Tudo o que corre, grita, trabalha, tudo que transporta e carregaé negro".
Alforriado em 1836, Domingos viveu num sobrado da ladeira de Santa Tereza. Ao longo da vida comprou, vendeu e alforriou seis escravos. Lá foi preso, acusado de ser "o principal da ordem dos sortilégios e feitiços". Na sua casa foram confiscados objetos de culto, búzios e um exu. Entre as mágicas, sempre demonizadas pela imprensa, estavam receitas para "amansar patrão". (Um chocalho com ervas maceradas e um dente de onça, numa composição benigna, ou arsênico, na maligna.)
Além dos rituais, Domingos foi um operador da "juntas de alforria", uma caixa de poupança mantida pelos escravos. Eram fundos alimentados por contribuições semanais que complementavam a compra da liberdade.
Quando o negro sacava acima dos seus depósitos, ressarcia a junta com juros de 20% ao ano. Quitada a dívida, o alforriado podia continuar na junta, como investidor.
No Brasil do século 19 o preconceito e a violência da escravidão eram apenas uma parte da paisagem. Havia ainda restrições à propriedade e ao trabalho, bem como um sistema tributário concebido para escorchar os negros livres. Os sobrados onde viviam os libertos eram chamados de "quilombos".
A arqueologia de Reis socorre o Brasil do século 21, ensinando-o a olhar para o do 19. Felizmente, a história de hoje é conhecida em tempo real. A repórter Márcia Vieira revelou a existência de uma tese de doutorado da professora Andréia Clapp Salvador, da PUC-Rio, com uma comovente descrição das alegrias e vicissitudes dos alunos que entraram naquela universidade com o benefício de uma política de ação afirmativa. Alguns deles moravam longe e alugaram uma quitinete na vizinhança. Nela chegaram a pernoitar dez estudantes. Dividiam a comida do bandejão, as ofertas de emprego e os livros didáticos.
Tomara que a história dos negros da PUC não demore mais de um século para ser contada em livro.
Fonte: A Folha de São Paulo
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Stéfano de Oxumaré morre de AVC
Mãe Nitinha, vida nas rodas de Oxum
Quem conheceu mãe Nitinha diz que ela seguia, à risca, os passo ditados por Oxum, seu orixá no candomblé da Bahia. Pois "nascera nas rodas de saia dos terreiros", balbuciando cânticos e recebendo santo ainda na flor da idade. "Fazia um candomblé como ninguém".
Areonithe Conceição Chagas nasceu no terreiro da Casa Branca, em Salvador, filha de mãe-de-santo. E "fez santo aos 3 anos", pois "quando o santo cobra, ele quer."
Diz um dos filhos de criação -eram mais de dez, além dos três filhos e 12 netos de sangue-, que desde mocinha dividiu com o terreiro a escola e o casamento, aos 14 anos.
Logo depois virou mãe Nitinha, professora de quarta série, parteira da comunidade, dona de bom conselho.
Em 2000, quando foi reconhecida a aposentadoria aos pais-de-santo, foi a primeira a se beneficiar. Segunda na hierarquia da Casa Branca, era a primeira em seu terreiro no Rio, que abrira há 40 anos. "Vivia na ponte aérea."
Diz o filho que ela conheceu Luiz Inácio Lula da Silva no Rio, e cerca de dez anos depois foi escolhida pelo presidente para representar o candomblé na comitiva multirreligiosa que foi a Roma pela morte do papa. Atrasou-se, perdeu o avião, não quis mais ir. "O santo mandou ficar."
Apesar da bronquite, fumou muito na vida, mas não aparentava, diz o filho, ter 79. Morreu de deficiência respiratória, na segunda. Foi enterrada com as vestes brancas e douradas de Oxum.
Fonte: Folha de São Paulo
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Mãe de santo relata crime de intolerância religiosa no Rocha
Adeptos da umbanda foram vítimas de mais um ato de intolerância religiosa no Rio, no último fim de semana: um homem quebrou três oferendas para Exu colocadas por Mãe Baiana na Avenida Marechal Rondon, no Rocha, no final da noite de sábado, véspera do Dia de Finados ( ouça o relato da mãe de santo ).
- Moro aqui há 27 anos e nunca tive problemas deste tipo. No sábado à noite, eu e cinco filhas-de-santo estávamos "arriando uma obrigação" na rua quando um homem veio em nossa direção e jogou nossa oferenda no lixo, dizendo que ali não é local de Satanás. Ele é fiel de uma igreja evangélica que funciona ao lado do centro de umbanda. Ele fez o mesmo com outras duas oferendas nossas - contou Inalva Lázaro Drumond, de 53 anos, a Mãe Baiana.
Após o incidente, Mãe Baiana teve uma crise de hipertensão e precisou ser medicada. Ela comunicou o caso à Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. A entidade, que congrega adeptos de diversas religiões, tem o objetivo de incentivar vítimas deste tipo de violência a denunciar o caso às autoridades. A Comissão possui um telefone para receber denúncias e orientar vítimas de preconceito religioso: 2273-3974. A entidade também oferece assistência jurídica gratuita a vítimas.
- Deus é um só. O meu Deus é o mesmo dos evangélicos. Mas cada um tem o direito de expressar a fé da sua forma. Era para esse homem que jogou minhas oferendas no lixo ter amor no coração, compreensão e educação - desabafou Mãe Baiana.
Fonte: http://extra.globo.com Leia Mais…
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
BA: Prefeitura admite isenção fiscal de terreiro
Claudio Leal
Os embaraços da Prefeitura de Salvador com os terreiros de candomblé caminham para uma conciliação. As secretarias da Reparação e da Fazenda realizaram vistorias técnicas em terreiros da capital baiana e prometem oferecer "orientação jurídica" para a concessão de imunidade tributária. Pela Constituição Federal, templos religiosos não podem ser alvos de impostos.
O prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) enfrenta protestos do povo-de-santo por ter enviado uma cobrança de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) ao Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká. Cifra elevada: R$ 840 mil. Sacerdotizas idosas se assombraram com a "dívida".
Tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o templo foi reconhecido como Área de Preservação Cultural e Paisagística pela própria Prefeitura, em 1982. Um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer serviu de base para a restauração da Praça de Oxum.
- Recebemos essa notícia, mas aguardamos uma reunião de nossa advogada com os órgãos municipais, para ter essa posição oficializada - diz Ekedy Sinha, ao avaliar o recuo da Prefeitura. Membro da Casa Branca, a "ekedy" - um cargo honorífico, responsável pelos afazeres femininos - é uma das lideranças da resistência à cobrança.
Terreiros de Candomblé vêem indícios de intolerância religiosa na gestão de João Henrique. Evangélico praticante, com larga circulação entre pastores, o prefeito contesta as críticas e afirma que trabalhou para "reparar a dívida histórica da sociedade em relação aos afrodescentestes".
Segundo recente mapeamento, Salvador possui 1.139 terreiros. A Casa Branca foi o primeiro da nação Ketu no Brasil. Os choques do povo-de-santo com a Prefeitura se intensificaram após a demolição do Terreiro Oyá Onipó Neto, na avenida Jorge Amado. A partir de um pedido oficial de desculpas, a estrutura física passou por restauração. Mas o gesto inamistoso envenenou de vez um diálogo precário. Com a cobrança do IPTU, intelectuais e filhos-de-santo se mobilizaram para denunciar uma perseguição ao Candomblé.
- Atualmente, a Procuradoria da Fazenda do Município requereu a suspensão da execução fiscal contra a Casa Branca, pois em 20 de junho de 2008, a Casa Branca entrou com o processo 35057/2008, solicitando o reconhecimento da imunidade tributária - informa a advogada e subsecretária da Reparação de Salvador, Maria Alice Pereira da Silva.
A Prefeitura sustenta que a "imunidade fiscal não é concedida ex-ofício". Para obtê-la, o terreiro precisa entrar com um processo formal. O caso foi levado ao Ministério Público. No sábado, 9 de agosto, às 10h, intelectuais, simpatizantes e seguidores do Candomblé se reúnem em solidariedade à Casa Branca. Igrejas neopentecostais também atacam os filhos-de-santo da Bahia.
"Patrimônio do Brasil"
O antropólogo Ordep Serra enviou, especialmente para Terra Magazine, um artigo sobre a história do Terreiro da Casa Branca, "o primeiro templo religioso não católico a ser tombado como patrimônio histórico do Brasil".
- O prestígio do templo da Casa Branca do Engenho Velho não se circunscreve a Salvador nem ao mundo do Candomblé. Este Terreiro já foi visitado por um Presidente da República (Juscelino Kubitschek), por um Prêmio Nobel (Wole Soynka), por ministros e secretários de Estado, por religiosos de diferentes credos e de diversas partes do mundo - diz o antropólogo e ogã da Casa Branca.
Série de TV 'Ó Paí, Ó' causa revolta em evangélicos
Os evangélicos dizem que programa traz uma visão negativa sobre a religião.
Para a atriz, os homossexuais e transexuais vão ficar "mordidos" quando, por exemplo, no episódio Virado do Avesso, de Carol Jabour, Neusão e o travesti Yolanda (Lyu Arisson) tentam adotar uma criança. Mas, na hora de assinar os papéis, a juíza percebe que quem ela pensava ser homem é a mulher e a travesti é o "homem".
"O seriado trata de questões sociais de forma leve e sempre bem-humorada", opina Tânia, que, no caso do pastor, ela considera que não houve intolerância. "Não podemos dizer que todos os pastores são assim. Fazemos humor", minimiza.
Já o pastor Derville de Souza Jr. reprovou o comportamento do personagem: "Na Globo o pastor é sempre corrupto ou maltrapilho. Essas repetições cansam". Adepta do candomblé e filha de mãe de santo, Tânia vê o lado positivo em tocar em assuntos delicados."As pessoas que chamam o candomblé de 'coisa do diabo' vão poder vê-lo de outra forma", espera a atriz. Ao todo, Ó Paí, Ó tem seis episódios e fica no ar até a primeira semana de dezembro.
Fonte: Terra
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Chamar vizinho de macumbeiro dá condenação por intolerância religiosa
O filho de santo Marcelo da Silva Gomes entrou com uma ação na Justiça contra o seu vizinho, o mecânico Mauro Monteiro Pinto, alegando que foi ofendido sua religião, o candomblé, quando ele estava fazendo uma oferenda em Paty de Alferes, no Sul Fluminense. Segundo a sentença, o mecânico teria chamado o filho de santo de macumbeiro e o xingado com palavras de baixo calão.
A Justiça condenou o mecânico Mauro Monteiro Pinto a pagar uma indenização no valor de R$ 3 mil, como conseqüência aos danos e sofrimentos experimentados pelo filho de santo. O advogado de Marcelo, Carlos Nicodemos, argumenta que todos os indivíduos têm o direito à liberdade religiosa, sobretudo no Brasil, por se tratar de um estado laico.
A juíza que concedeu a sentença, Katylene Collyer Pires de Figueiredo, argumentou que a disseminação da intolerância religiosa em uma comunidade, a toda evidência, acarretará insegurança social, havendo de ser rigorosamente rechaçada. O mecânico pode recorrer da sentença.
Fonte: http://g1.globo.com Leia Mais…
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Prefeito: Salvador respeita terreiros de Candomblé
João Henrique Carneiro
"Não tenho dúvidas em afirmar que a Prefeitura de Salvador, nos últimos três anos, empreendeu ações extremamente positivas, com o objetivo de tentar reparar a dívida histórica da sociedade em relação aos afrodescentestes. Sobretudo, em o povo de santo.
Numa iniciativa pioneira, foi instituído grupo para qualificar os profissionais da rede municipal de saúde para diagnosticar precocemente a anemina falciforme, orientando-os sobre como atender adequadamente aos portadores e seus familiares. Parceria com Terreiros de Candomblé levou ações de saúde pública como prevenção à dengue, leptospirose e outras endemias, respeitando os cultos afros, seu calendário litúrgico e visão do mundo. O Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI) capacita gestores para a promoção da igualdade racial e a formação de bancos de dados com o recorte racial nos diversos setores da administração pública.
Um Convênio entre a Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, pretendeu integrar Salvador a projetos da Fundação como intercâmbios, sobretudo para a preservação de plantas sagradas para a religiosidade afro-brasileira. O convênio com a Fundação é responsável pela requalificação da área em torno do Parque São Bartolomeu e de intervenções de manutenção de 55 terreiros de candomblé da cidade. Trata-se de uma reivindicação de décadas dos praticantes do candomblé, na capital baiana, somente agora atendida.
Salvador foi pioneira também no ensino de disciplinas que abrangem a história, cultura e diversidade na Escola Pública. Moradores de comunidades negras e periféricas, consideradas quilombos urbanos, passaram a receber formação técnica para elaboração de projetos e gestão cultural.
Foi na atual gestão que aconteceu a criação do Fundo Municipal para o Desenvolvimento Humano e Inclusão Educacional de Mulheres Afrodescendentes (Fiema).
A Pesquisa de Mapeamento de Terreiros de Salvador demonstrou contribuições sociais dos terreiros, através da constatação da existência de uma série de políticas que visam a melhoria da qualidade de vida das populações que vivem no entorno dos terreiros de candomblé.
Foram catalogados 1.139 terreiros (incluindo a Ilha de Maré), sendo que a maioria concentrada no bairro de Plataforma (56), Paripe (39), Cajazeiras (38), Cosme de Farias (36) e Liberdade (33). O estudo revela que a liderança religiosa é exercida em sua maioria por mulheres, 61% contra 38,6% e que 60% dos terreiros pesquisados são da nação Ketu e 22% da nação Angola. Todas as informações estão disponíveis no site www.terreiros.ceao.ufba.br.
Atualmente estamos debruçados no mapeamento de empresários e empreendedores afro descendentes, focando suas dificuldades dentro do mercado empresarial. Pretendemos, com os dados em mãos, formar parcerias para ajudar no desenvolvimento dos negócios, na geração de emprego e renda.
Os terreiros de candomblé de Salvador - santuários do culto afro-brasileiro - foram oficialmente reconhecidos como patrimônio histórico e cultural de origem afro-brasileira através do Decreto nº 17.709, publicado na edição do dia 13 de novembro de 2007, do Diário Oficial do Município. O decreto contemplou 55 sítios urbanos, entre os quais a Casa Branca do Engenho Velho, o Gantois e o Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro".
Fonte: Terra Magazine
Terreiros se mobilizam contra prefeito de Salvador
Claudio Leal
Numa jornada pacífica, os terreiros de Candomblé baianos mobilizam filhos-de-santo, intelectuais e simpatizantes contra o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB). Evangélico praticante, o candidato à sucessão municipal é acusado de "intolerância religiosa".
O conflito com o mundo dos orixás nasceu pelo correio. E foi fermentado pela recente demolição do terreiro Oyá Onipó Neto, na avenida Jorge Amado - templo reconstruído depois de o prefeito reconhecer um "equívoco".
Ao correio. A Prefeitura cobrou IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) do terreiro ketu mais antigo do País, fundado há mais de três séculos e tombado pelo Patrimônio Histórico: a Casa Branca, Ilê Axé Iyá Nassô Oká. Os terreiros da Bahia estão divididos em quatro principais grupos/nações: ketu, angola, jeje e ijexá.
Pela Constituição, templos religiosos têm imunidade tributária. Ao abrirem o carnê, as sacerdotizas se chocaram com o valor da cobrança, por volta de R$ 840 mil. Principal contradição: na década de 80, a Prefeitura transformou a Casa Branca em Área de Preservação Cultural e Paisagística.
O tombamento de terreiros pretende protegê-los da especulação imobiliária, intensificada em Salvador com a aprovação apressada do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), que atende a pressões de empreiteiras e vai remodelar a paisagem urbana da primeira capital brasileira.
A assessoria da Prefeitura enfatiza que não há nenhum sinal de intolerância religiosa; faltaria "organização" aos terreiros para reivindicar a garantia constitucional. A religião do prefeito estaria sendo utilizada "politicamente", no quadro sucessório. Em artigo enviado a Terra Magazine, João Henrique lista suas gestões em favor dos cultos de origem africana. Nega o que as ruas da Cidade da Bahia vêem correr no boca-a-boca.
Em entrevista, a Ekedy Sinha afirma que não há como descartar a discriminação religiosa. Advogados do terreiro levaram o caso ao Ministério Público. Filhos-de-santo iniciaram, pela internet, uma mobilização contra a Prefeitura de Salvador. Há movimentos oficiais para declarar a isenção fiscal, antes de maiores estragos políticos.
- A gente sabe que não é pra pagar nada, nem vamos pedir a ele pra não pagar. A gente não vai pagar! (...) Eles precisam saber que nós da Casa Branca, como toda entidade religiosa, seja de ketu, umbanda, ijexá, somos fortes como uma rocha - invoca a Ekedy Sinha ("ekedy" é um cargo honorífico; cuida dos afazeres femininos no Candomblé).
Na tradicional Lavagem do Bonfim, uma festa profana com toques de candomblé e catolicismo, o prefeito de Salvador dá meia volta na hora de subir a Colina Sagrada. Não é por falta de fôlego. Evangélico, João Henrique pregou salmos em sua sala de reuniões e evita desagradar a pastores. Na fusão de crenças, nesta campanha ele tem um vice ogã do Gantois, Edvaldo Brito.
O povo-de-santo promete fazer jus à firmeza da rocha. Envia e-mails de protesto contra a Prefeitura e promete convocar os orixás na peleja pelo respeito à liberdade de culto.
Leia a entrevista com a Ekedy Sinha, da Casa Branca.
Terra Magazine - O Terreiro da Casa Branca já pagou IPTU?
Ekedy Sinha
Não. A gente recebe sempre o carnê do IPTU. Várias vezes recebemos um carnezinho para uma pessoa que faleceu há mais de 80 anos. Sempre a mesma coisa. Vem o carnê, a gente manda dizer que tem isenção... É difícil, viu?
De quanto é a cobrança?
Agora eles falaram que já tem uma dívida de R$ 800 mil (risos).
O que explica a posição da Prefeitura?
Não queria entrar nessa coisa de intolerância religiosa, mas a gente não tem outra alternativa, não tem outra forma de pensar, a não ser isso. Não é possível. Um monumento histórico, tombado, a Prefeitura desapropriou a praça, tem decreto, tem lei... Foi tombado...
É o primeiro terreiro do País?
É a primeira casa de candomblé do Brasil. Pelo menos isso está na história. Se tiver outra, a que está na história é a nossa. Foi tombado em 1989. Na época, o governador era Waldir Pires.
Como está a mobilização contra a cobrança da Prefeitura?
Ah, sim. Juridicamente já está no Ministério Público, já temos um advogado que cuida disso. E tem a comunidade, os simpatizantes, os amigos da casa, que estão fazendo um movimento popular. Todo o mundo está querendo ajudar. É encher a caixa de e-mail do prefeito, fazer abaixo-assinado. O que eles não sabem é que a gente também tem força, né? E isso tem que ser respeitado. Nós temos nossos deveres e também sabemos lutar por nossos direitos.
Isso provoca a indignação do povo-de-santo?
Ah, com certeza. Tem horas, me desculpe, que a gente começa a falar e fica aborrecido. Porque é injusto, é injusto o que está sendo feito. Não é só contra a nossa Casa. É contra nossa religião. Um terreiro de candomblé já foi invadido e demolido. No nosso, ele (o prefeito) jamais teria essa audácia de fazer isso, porque é um patrimônio, a primeira casa de candomblé do Brasil, mas está causando problemas de saúde para as velhinhas da Casa. Elas ficam achando que a gente tem que pagar isso. A gente sabe que não é pra pagar nada, nem vamos pedir a ele pra não pagar. A gente não vai pagar! É isso que ele tem que entender. Eles precisam saber que nós da Casa Branca, como toda entidade religiosa, seja de ketu, umbanda, ijexá, somos fortes como uma rocha (risos).
Fonte: Terra Magazine
Leia Mais…sábado, 1 de novembro de 2008
Ato público quer o fim da intolerância religiosa
O som dos atabaques vai tomar conta da praça da República no dia 14 de novembro. Grupos de religiosos e simpatizantes da umbanda e do candomblé realizam nesse dia um ato público para lembrar os 100 anos da umbanda no Brasil e pedir o fim da intolerância religiosa. Este é o primeiro de uma série de eventos que marca as comemorações do Dia da Consciência Negra (20.11), que inclui ainda a realização de um seminário sobre o papel das religiões de matiz afro-brasileira e africana, marcado para os dias 27 e 28 de novembro, na Câmara Municipal de Cuiabá.
O ato público começa às 15h00 e prevê a participação de babalorixás e outros líderes religiosos da umbanda e do candomblé, além da comunidade de simpatizantes. No local, serão realizadas várias apresentações culturais para mostrar um pouco da história da umbanda e do candomblé no Brasil e o culto aos orixás.
O presidente do Conselho Estadual da Igualdade Racial, Pedro Reis, acredita que essa é uma oportunidade para mostrar à sociedade a importância dessas religiões. O ato deve contribuir também para quebrar alguns estigmas construídos ao longo do tempo no Brasil e que trataram de “demonizar” as religiões de origem africana. “Isso remonta ao período do tráfico de negros e à escravidão no Brasil”, diz. Alguns desses estigmas, segundo ele, permanecem na sociedade.
Durante o ato público, haverá a apresentação de danças, música e instrumentos utilizados nos cultos aos orixás, além da apresentação do grupo Imune (Instituto Mulheres Negras) e do Movimento Inteligência Negra.O presidente do Conselho Estadual da Igualdade Racial calcula em pelo menos 1.630 casas de umbanda e candomblé em Cuiabá.
Fonte: http://www.odocumento.com.br
Lula receberá programa contra intolerância religiosa
"Queremos congregar todos os setores. Pela primeira vez, um presidente vai receber a comissão para discutir o tema. Vamos elaborar um projeto nacional", disse Ivanir dos Santos, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap). Presidente da Federação Israelita do Rio, Sérgio Niskier disse não acreditar em ação de governo que "não nasça do clamor".
"Não é um movimento vindo de um ato de bondade do governo, é um 'acordar'. A sociedade há muito tempo tem de dar um grito contra a intolerância", declarou. Em discurso, Niskier lembrou casos recentes de ataques sofridos por religiões de origem africana no Estado do Rio. "Já foi assim conosco. Depois dos judeus, vieram os ciganos, os comunistas, os homossexuais etc. O racismo não se contempla com seu primeiro alvo", disse. Segundo ele, sinagogas também são alvos de vandalismo no Rio.
No encontro, o subsecretário de Políticas Afirmativas da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Alexandro Reis, disse que o governo federal poderá financiar a criação de uma Delegacia de Combate à Intolerância Religiosa no Rio. Um dos convidados, o delegado Henrique Pessoa, coordenador de Inteligência da Polícia Civil do Rio, disse, porém, que a obra não é uma prioridade. "Ficamos um pouco decepcionados porque não têm havido denúncias", declarou. O delegado estimulou os presentes a divulgar que denúncias podem ser feitas por meio do site da Polícia Civil. "Podemos brigar por uma delegacia especializada, mas hoje a demanda é muda. É fato que muitas pessoas têm medo, mas é preciso descobrir um canal mais efetivo, porque senão vai ser difícil lutar (pela delegacia)."
Presidente da Associação de Educação Católica do Rio, Sérgio Maia apresentou um plano de mobilização das religiões pela educação e defendeu que a sociedade "tenha a convicção das contribuições africanas". Foram discutidos, entre outros pontos, o mapeamento de centros religiosos no País e a aplicação da lei que determina o ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira nas escolas. A antropóloga Ana Paula Miranda foi convidada pelo grupo para elaborar um "dossiê da intolerância religiosa" no Estado.
Fonte: www.bemparana.com.br