terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Mudanças ocorridas na profissão causam polêmica



Desde o tempo em que era servido como uma oferenda a Iansã, o acarajé e o ofício das baianas passaram por uma série de mudanças: a receita já não leva apenas o tradicional bolinho de feijão; a vestimenta branca, a saia rodada e a bata que caracterizam a indumentária foram substituídas por outras roupas; e a preparação do quitute - até então restrita às mulheres - passou também a ser feita por homens.

Nailton Santana, conhecido como Cuca do Acarajé, se diz o primeiro baiano de acarajé do Brasil e relata que no início sofreu com as colegas baianas. "Elas achavam que os homens iam tomar o lugar delas, mas depois perceberam que há espaço para todo mundo", conta. Um outro baiano conhecido é Gregório do Acarajé, que monta seu tabuleiro no Shopping Barra, que aprendeu o ofício com a mãe e hoje sustenta seus filhos com a venda da iguaria.

Além de passar a ser um ofício também dos homens, o acarajé deixou de ser encontrado somente no tabuleiro da baiana e, hoje, pode ser comprado em delicatessens e restaurantes. Outra transformação, esta mais recente, é a venda da iguaria por pessoas de outras religiões, além do candomblé. Os evangélicos, por exemplo, chamam a iguaria de "bolinho de Jesus", e alguns deles se recusam a vestir o traje de baiana, o que levanta polêmica entre as baianas antigas e as mais modernas.

Para Cláudia de Assis, filha de Dinha do Acarajé - falecida em maio deste ano -, a venda da iguaria se tornou um meio de sobrevivência, mas a tradição deve ser mantida. "Qualquer pessoa pode comercializar o acarajé, independente do sexo e da religião, mas o acarajé sempre foi um produto africano, do povo-de-santo e será assim sempre. O bolinho de feijão-fradinho frito no azeite de dendê não pode ser dissociado do candomblé. Se o bolinho que eles vendem é de Jesus, o nosso é de quê?", questiona.

Já na opinião de uma "vendedora de acarajé" evangélica, que não quis se identificar, é preciso respeitar a individualidade de cada religião. "Não nos consideramos baianas e como podemos dizer que o que vendemos é acarajé, se somos contrários ao candomblé? Vendemos porque precisamos", defende. (F.M.)

Fonte: http://www.atarde.com.br

Postado por Administrador às 12/30/2008
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

Categorias

  • Videos

ARQUIVO

  • ►  2011 (1)
    • ►  abril (1)
  • ►  2010 (2)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
  • ►  2009 (62)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (12)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (6)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (11)
    • ►  janeiro (18)
  • ▼  2008 (121)
    • ▼  dezembro (55)
      • Cariocas fazem cortejo em homenagem a Iemanjá
      • Astros e búzios acenam para ano produtivo
      • 2009 será um ano difícil
      • Previsões: novo ano será regido pelos orixás Ogum ...
      • Câmara aprova minirreforma
      • As previsões dos orixás - Tenham todos um feliz 2009!
      • Ano de luta e fartura
      • Crise econômica encarece oferendas aos orixás
      • Celebração com a benção dos orixás
      • Crise já encarece devoção
      • Especialista nos búzios afirma que 2009 será ventu...
      • Duas mil pessoas homenageiam Iemanjá nas areias de...
      • Mudanças ocorridas na profissão causam polêmica
      • Festa para Iemanjá em Copacabana
      • Louvação à Iemanjá começa em Corumbá
      • Corumbá terá hoje manifestação com cara de Bahia
      • Fiéis pedem proteção a São Lázaro na última segund...
      • Comerciantes do Mercadão de Madureira homenageiam ...
      • Banhos poderosos garantem um Ano-Novo com boas vib...
      • Festa à Iemanjá acontece amanhã em Corumbá
      • Acidente aéreo e epidemia devem atingir o Brasil, ...
      • Pesquisa analisa candomblé com proposta antropológ...
      • Babalorixá faz previsões para 2009
      • Reação à intolerância religiosa: diga não ao preco...
      • O que os búzios estão prevendo para 2009?
      • Procissão de Iemanjá reúne cerca de mil fiéis em C...
      • Abertas inscrições para coral em iorubá
      • Resistência cultural e religiosa nas Américas
      • Últimos ajustes para o réveillon na Prainha (DF)
      • Fiéis lotam a Igreja do Bonfim na última sexta-fei...
      • Propaganda Enganosa ou Liberdade de Culto?
      • Terreiros de candomblé serão mapeados e regularizados
      • Confirmada programação para o 9º Reveillon dos Cul...
      • Madonna é uma mulher que veio para mandar, diz pai...
      • Terreiro Aganju homenageia Iemanjá em Lauro de Fre...
      • Terreiros de candomblé correm risco de ser leiload...
      • Entra em vigor a Lei de cotas no serviço público
      • Governo estuda Plano Nacional de Combate à Intoler...
      • Secretária da Educação participa de festividades d...
      • Mãe de santo assume cadeira em Câmara Municipal no...
      • Juiz quer abrir debate sobre aborto a outras relig...
      • Dia de celebrações na capital
      • Homenagem à Iemanjá leva diversas pessoas a orla d...
      • O navio negreiro
      • Terreiros prestam homenagens a Oxum
      • Adeptos do cristianismo e candomblé em festa
      • Moradores do Pina fazem oferendas a Iemanjá e alte...
      • No dia de Santa Bárbara, Salvador presta homenagem...
      • Ritmos africanos se encontram em festival de dança...
      • Ações futuras para o povo do axé
      • Mercado de Santa Bárbara encontra dificuldades par...
      • Terreiro de Matamba Tombenci Neto lança CDs de Can...
      • Delegados e detetives aprendem em curso a identifi...
      • Aprovado feriado de Zumbi em todo o território bra...
      • Processo contra intolerância
    • ►  novembro (24)
    • ►  outubro (5)
    • ►  setembro (15)
    • ►  agosto (8)
    • ►  julho (3)
    • ►  junho (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (3)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (3)