Inicialmente, cabe um honesto alerta aos eventuais leitores destas linhas: o título exposto acima não pretende pleitear ou estimular, ao menos no momento, nenhuma fundação de qualquer partido político vinculado ao candomblé, não detenho o mínimo conhecimento jurídico e liderança para apoiar tal pleito. Ao comentar esta inusitada idéia junto a fiéis deste culto, a mesma foi recebida com entusiasmo, provavelmente fruto da intensa mobilização operada nos últimos tempos pelos seguidores e simpatizantes do povo de axé, frente às estripulias e agressões, ingredientes da intolerância religiosa.
A sigla PCdoC, idéia precária, significaria Partido da Comunidade do Candomblé e foi conservada encabeçando o texto, na hipótese de que, pelo inusitado, despertasse nos leitores a vontade de enfrentar este arrazoado, que tem como finalidade, na verdade, discutir um fenômeno que tenho observado nesta eleição municipal de Salvador. Um "bate-boca" popular valoriza como informação importante muito mais a vinculação religiosa dos candidatos que a sua filiação partidária, para a escolha no momento do voto.
Aliás, pela variedade de siglas, parece-me que somente as mais tradicionais, ou as mais divulgadas, habitam a memória do eleitor. Outra atitude inibidora ao conhecimento das idéias partidárias seria a fixação apenas nos números dos candidatos, massificado para a memorização, havendo até a recomendação de levar "uma colinha", ou seja uma "pesca", com os algarismos do candidato para copiar na hora de votar.
Discute-se na cidade, em alguns setores, muito mais a quem o candidato devota o seu fervor religioso que o seu ideal partidário. Convenhamos, uma coisa é a união de pessoas em uma fé comum, acreditando em determinados valores religiosos, daí a sua unificação, outra é a vinculação ou simpatia a determinada sigla partidária, agregando diversas pessoas de convicções religiosas distintas, unidas por programas tradutores de um ideal político comum.
O que não se admite é que, em função da convicção religiosa comum, o eleitor vote apenas naqueles iguais, sem uma avaliação e conhecimento do abrigo partidário do candidato, na hipótese de que os meus são os melhores e o diabo são os outros. Um voto fruto de exigências fomentadas por líderes religiosos faz com que o eleitor porte-se como um autêntico "boi de presépio".
Caro leitor, apesar desta especulação no plano do ideal, em busca da sociedade perfeita, é preciso alertar que, por vezes, são os próprios políticos que não levam a sério a sua filiação partidária, alguns candidatos não sabem, ao menos, nomear os programas básicos dos seus partidos, e outros, após eleitos, são "useiros e vezeiros" da flutuação partidária, mudando de partido ao sabor das marés ou interesses pessoais.
Um partido político tem como característica fundamental ser uma organização de pessoas agrupadas em programas e realizações de ações comuns com fins políticos e sociais, lutando democraticamente em busca do poder institucional, convencendo os seus eleitores, através da elaboração de estratégias com o objetivo de minorar ou extinguir os problemas relevantes que afetam a comunidade. Logo, o partido é a associação de pessoas unidas pelas mesmas idéias, sendo que a ação partidária carece do proselitismo para agregação de adeptos seguidores de idéias comuns.
Ouvindo a cidade, a questão se estabelece nos diálogos da massa soteropolitana, quando indaga no tom mais alto das suas vozes, vencendo o barulho nos transportes coletivos em diálogos para driblar os longos percursos do ônibus, diz, lamentando, "não tem um do candomblé como candidato a prefeito"; o outro retruca "mas tem um do candomblé que é vice". Sem demora, reprime o primeiro: "Vice não é nada, eu quero um como prefeito", diz. E, antes de saltar no próximo ponto, vem outra pergunta: "E você vai votar em quem?". A pronta resposta vem: "Não sei".
Ah, quanto ao PCdoC, o partido do candomblé, deixo como brinde a idéia para outros, com argumentações e liderança convincente. Oxalá tenham um bom êxito.
Fonte: A Tarde On line
A sigla PCdoC, idéia precária, significaria Partido da Comunidade do Candomblé e foi conservada encabeçando o texto, na hipótese de que, pelo inusitado, despertasse nos leitores a vontade de enfrentar este arrazoado, que tem como finalidade, na verdade, discutir um fenômeno que tenho observado nesta eleição municipal de Salvador. Um "bate-boca" popular valoriza como informação importante muito mais a vinculação religiosa dos candidatos que a sua filiação partidária, para a escolha no momento do voto.
Aliás, pela variedade de siglas, parece-me que somente as mais tradicionais, ou as mais divulgadas, habitam a memória do eleitor. Outra atitude inibidora ao conhecimento das idéias partidárias seria a fixação apenas nos números dos candidatos, massificado para a memorização, havendo até a recomendação de levar "uma colinha", ou seja uma "pesca", com os algarismos do candidato para copiar na hora de votar.
Discute-se na cidade, em alguns setores, muito mais a quem o candidato devota o seu fervor religioso que o seu ideal partidário. Convenhamos, uma coisa é a união de pessoas em uma fé comum, acreditando em determinados valores religiosos, daí a sua unificação, outra é a vinculação ou simpatia a determinada sigla partidária, agregando diversas pessoas de convicções religiosas distintas, unidas por programas tradutores de um ideal político comum.
O que não se admite é que, em função da convicção religiosa comum, o eleitor vote apenas naqueles iguais, sem uma avaliação e conhecimento do abrigo partidário do candidato, na hipótese de que os meus são os melhores e o diabo são os outros. Um voto fruto de exigências fomentadas por líderes religiosos faz com que o eleitor porte-se como um autêntico "boi de presépio".
Caro leitor, apesar desta especulação no plano do ideal, em busca da sociedade perfeita, é preciso alertar que, por vezes, são os próprios políticos que não levam a sério a sua filiação partidária, alguns candidatos não sabem, ao menos, nomear os programas básicos dos seus partidos, e outros, após eleitos, são "useiros e vezeiros" da flutuação partidária, mudando de partido ao sabor das marés ou interesses pessoais.
Um partido político tem como característica fundamental ser uma organização de pessoas agrupadas em programas e realizações de ações comuns com fins políticos e sociais, lutando democraticamente em busca do poder institucional, convencendo os seus eleitores, através da elaboração de estratégias com o objetivo de minorar ou extinguir os problemas relevantes que afetam a comunidade. Logo, o partido é a associação de pessoas unidas pelas mesmas idéias, sendo que a ação partidária carece do proselitismo para agregação de adeptos seguidores de idéias comuns.
Ouvindo a cidade, a questão se estabelece nos diálogos da massa soteropolitana, quando indaga no tom mais alto das suas vozes, vencendo o barulho nos transportes coletivos em diálogos para driblar os longos percursos do ônibus, diz, lamentando, "não tem um do candomblé como candidato a prefeito"; o outro retruca "mas tem um do candomblé que é vice". Sem demora, reprime o primeiro: "Vice não é nada, eu quero um como prefeito", diz. E, antes de saltar no próximo ponto, vem outra pergunta: "E você vai votar em quem?". A pronta resposta vem: "Não sei".
Ah, quanto ao PCdoC, o partido do candomblé, deixo como brinde a idéia para outros, com argumentações e liderança convincente. Oxalá tenham um bom êxito.
Fonte: A Tarde On line
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