Estreou na sexta (15) o documentário "Devoção" de Sergio Franz. O filme desenvolve o tema do sincretismo religioso entre candomblé e catolicismo a partir de duas personagens de suas tradições: o orixá Ogum e Santo Antônio de Pádua.O filme foi todo realizado no Rio de Janeiro, tendo como principais locações o Convento Santo Antonio e os terreiros cariocas. Os depoimentos de ialorixás, freis, babalorixás, padres e devotos vão emoldurando a história dos escravos africanos que desembarcavam no Brasil e eram obrigados a seguir a religião católica. O diretor faz um "ping-pong" entre as cenas, mostrando os ritos do Candomblé e da Igreja. Dos atabaques, guizos, dança e colorido dos terreiros para os dourados das Igrejas, os cantos melodiosos, coro e violão. O expectador é jogado de um lado e outro como que "experimentando" os dois ambientes rituais.Especialmente interessante é o depoimento da ialorixá francesa com doutorado na Sorbonne - Gisèle Omindarewá Cossard. Mulher de diplomata, Omindarewá morou muitos anos na África, mas foi no Brasil que ela se aprofundou no Candomblé. A francesa - "branca azeda" - com dois olhos azuis, zela e cuida de orixás e devotos de "cultura de preto". Sincretismo ou inculturação? O Candomblé hoje tem devotos de várias etnias - segundo depoimento no filme, o Candomblé se universalizou, não é mais uma religião de afro-descendentes.Pelo lado católico, o documentário enfoca os depoimentos dos religiosos franciscanos e de devotos de Santo Antonio, que narram os milagres realizados em suas vidas. Ele é o santo mais popular no Ocidente.Embora haja a aproximação entre Ogum e Santo Antonio, o discurso das autoridades é único: Ogum é Candomblé, Santo Antonio é catolicismo - não são a mesma "pessoa" e não representam a mesma "força". Como diz a música: "ado, ado, cada um no seu quadrado..."
Fonte: http://www.sidneyrezende.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário