segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Candomblé questiona Neto

A perseguição dos evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) à comunidade do candomblé foi citada ontem durante conversa entre o candidato ACM Neto (DEM) e líderes do Terreiro da Casa Branca, um dos mais tradicionais e o primeiro a ser tombado na Bahia. Depois de ser recebido pela ialorixá da casa, Altamira Cecília, a Mãe Tatá, ACM Neto foi questionado sobre sua posição política em relação ao povo de santo, já que seu vice, Márcio Marinho (PR), é bispo da Universal.
O candidato petista, Walter Pinheiro também foi apontado por ter se esquivado às câmaras fotográficas quando visitou o Terreiro Alaketu, de Mãe Jojó; e o prefeito-candidato João Henrique Carneiro (PMDB) foi citado como o gestor que permitiu a demolição, pela Sucom, do terreiro Oyá Onipó, de Mãe Rosa, no Imbuí. O povo de santo só poupou os candidatos Antônio Imbassahy (PSDB) e Hilton Coelho (PSOL).
"Sou de Oxóssi, por isso sou direto. Eu não voto em você porque sou do candomblé e seu vice é da Igreja Universal, que persegue a minha religião. Quero que você se posicione diante disso, qual é a sua proposta diante do povo de santo?", questionou de forma enfática o ogã Antonio Luiz Figueiredo, vice-presidente da Associação do terreiro. ACM Neto, que tão logo chegou ao terreiro foi informado de que seria recebido porque seu avô, senador Antonio Carlos Magalhães, ajudou os candomblés de Salvador, saiu em defesa de seu plano de governo ecumênico e de Márcio Marinho.
Defesa - "Ele (Marinho) é uma pessoa muito tolerante, compreensiva e tem agregado muito na nossa caminhada. Não posso exigir dele que repense a sua doutrina, da mesma forma como ele respeita minhas convicções. Não vejo problema dele não estar aqui. O pensamento de prefeito, caso eleito seja, é o pensamento da diversidade", disse Neto. Mas outro ogã, Willys Andrade, tomou da palavra apontando uma contradição na fala do candidato democrata. "Talvez pelo fato dele não estar presente seja contraditório à questão da diversidade. Eu esperava que o vice-prefeito estivesse aqui".
Neto discordou ao alegar que "toda a expectativa tem de girar em torno do prefeito, que é quem decide", e chegou a confessar que sequer pensou em convidar o bispo para a visita, porque conhece suas convicções. "Se eu dissesse para vir estaria contrariando a minha diversidade".
O ogã Willys disse, ainda, que conhece muita gente do candomblé que até gostaria, mas não votará em Neto por causa do vice, o que foi avalizado por algumas senhoras do candomblé que participavam da reunião.
ACM Neto preferiu defender que tem procurado mostrar que, desde os tempos de seu avô, "há uma história e tradição de respeito a todas as religiões". O ecumenismo é, inclusive, um dos pontos enfatizados pelo candidato na propaganda eleitoral nas emissoras de TV.
Na prática, ACM Neto diz que se empenha para cumprir esse princípio. Ontem mesmo participou de uma missa na Igreja da Piedade; ao meio-dia esteve no terreiro da Casa Branca e no final da tarde teve encontro com evangélicos da Igreja Universal, que reuniu cerca de 6 mil pessoas, segundo a coordenação da campanha do candidato.

Fonte: A Tarde On Line

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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Documentário sobre sincretismo religioso estréia nos cinemas

Estreou na sexta (15) o documentário "Devoção" de Sergio Franz. O filme desenvolve o tema do sincretismo religioso entre candomblé e catolicismo a partir de duas personagens de suas tradições: o orixá Ogum e Santo Antônio de Pádua.O filme foi todo realizado no Rio de Janeiro, tendo como principais locações o Convento Santo Antonio e os terreiros cariocas. Os depoimentos de ialorixás, freis, babalorixás, padres e devotos vão emoldurando a história dos escravos africanos que desembarcavam no Brasil e eram obrigados a seguir a religião católica. O diretor faz um "ping-pong" entre as cenas, mostrando os ritos do Candomblé e da Igreja. Dos atabaques, guizos, dança e colorido dos terreiros para os dourados das Igrejas, os cantos melodiosos, coro e violão. O expectador é jogado de um lado e outro como que "experimentando" os dois ambientes rituais.Especialmente interessante é o depoimento da ialorixá francesa com doutorado na Sorbonne - Gisèle Omindarewá Cossard. Mulher de diplomata, Omindarewá morou muitos anos na África, mas foi no Brasil que ela se aprofundou no Candomblé. A francesa - "branca azeda" - com dois olhos azuis, zela e cuida de orixás e devotos de "cultura de preto". Sincretismo ou inculturação? O Candomblé hoje tem devotos de várias etnias - segundo depoimento no filme, o Candomblé se universalizou, não é mais uma religião de afro-descendentes.Pelo lado católico, o documentário enfoca os depoimentos dos religiosos franciscanos e de devotos de Santo Antonio, que narram os milagres realizados em suas vidas. Ele é o santo mais popular no Ocidente.Embora haja a aproximação entre Ogum e Santo Antonio, o discurso das autoridades é único: Ogum é Candomblé, Santo Antonio é catolicismo - não são a mesma "pessoa" e não representam a mesma "força". Como diz a música: "ado, ado, cada um no seu quadrado..."
Fonte: http://www.sidneyrezende.com

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domingo, 17 de agosto de 2008

Obá de Xangô nos braços de Olorun

A notícia relâmpago - morte de Caymmi - veio no tapete mágico voador. Perdida na contemplação do pé de damas-da-noite, transportei-me ao velho Opô Afonjá de Mãe Senhora dos grandes e inesquecíveis obás, os ministros de Xangô, já nos braços de Deus-Olorun: Jorge Amado, Miguel Santana, Camafeu de Oxóssi, Dmeval Chaves, Carybé... Agora Dorival Caymmi, o menestrel vanguardeiro.
Mãe Aninha, a fundadora do Axé, auxiliada por Martiniano Eliseu do Bonfim, criara, nos 1930, o corpo de obás: os ministros de Xangô, responsáveis pelos caminhos de seu candomblé de São Gonçalo do Retiro. Quase duas décadas mais tarde, sua filha espiritual Mãe Senhora de Oxum introduziu os "otum" e "ossi" de cada obá de Xangô. Otum significa direita; ossi, esquerda, o que é freqüente na complexa hierarquia dos terreiros. São os assessores imediatos.
São 12 os obás-ministros de Xangô, o orixá da justiça e poder em exercício, o mais popular do panteão das divindades nagôs: obá aré, obá abiodum, obá cacanfô, obá telá, obá odofim, obá xorum, obá aressá, obá onikoiy, obá olubom, obá erim, obá onãxocum, obá arolu. Os primeiros seis são os chamados "obás da direita": com direito a voz e voto e, também, de tocar o xeré, sino sagrado de Xangô. Os demais são os "obás da esquerda", apenas com direito de voz; somente pegam os xerés na ausência dos primeiros. Não confundam os obás da direita e da esquerda com os "otum" e "ossi" de cada obá.
Dorival Caymmi era obá onikoiy, confirmado por Mãe Senhora há mais de quatro décadas. O cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil é otum-obá onikoiy: com a morte de Caymmi, ascende ao posto de obá onikoiy. Os obás são escolhidos diretamente por Xangô: os responsáveis pela manutenção da tradição e guardiães dos bons costumes.
Conheci Caymmi no Axé, em meados dos 1980. O venerando obá ficou mais de 15 dias em São Gonçalo, passando a limpo sua vida espiritual. Era comum vê-lo tocando violão perto do velho pé de iroco, vizinho à casa de Xangô. Bati papos gostosos com o impressionante artista que, no terreiro, comportava-se como outro qualquer: especial por ser filho de Xangô e obá de Xangô, não mais do que semente que deu certo perto de cascata de águas límpidas.
Pela manhã, conversando com Mãe Carmem, a ialorixá do Gantois, por telefone, com saudade nos lembramos da famosa canção Oração de Mãe Meninha, cantada pelas grandes vozes da MPB. Mãe Carmem me relembrou que todos os filhos de Caymmi são iniciados no Gantois, no tempo de sua falecida mãe, daí os laços de obá onikoiy com a impressionante comunidade da Federação.
O orun está em festa. São muitos a receberem o menestrel de Xangô: Carybé, Jorge Amado, Camafeu, Mãe Senhora, Mãe Menininha, Carmen Miranda e tantos outros também sementes de primeira ao lado de um manancial de água cristalina. Olorun kossi purê obá onikoiy.

Fonte: A Tarde On Line

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terça-feira, 12 de agosto de 2008

Terreiro cobra R$ 250 mil como indenização



A polêmica entre o terreiro Oyá Unipó Neto - que foi demolido parcialmente, em fevereiro deste ano, por ordem da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) - e a Prefeitura de Salvador ganhou mais um capítulo. Em um encontro com a imprensa, nesta segunda-feira, 11, na sede do Centro de Estudos das Populações Afro-Indígenas-Americanas da Uneb (Cepaia), a ialorixá do templo religioso, mãe Rosa de Oyá, voltou a cobrar do poder público a reparação de objetos e assentamentos sagrados. O valor reclamado é R$ 250 mil.
Já a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Reparação (Semur), aponta como entrave a falta de um parecer que justifique este valor. Acompanhada do presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), Leonel Monteiro, mãe Rosa afirma que o ressarcimento dos assentamentos foi uma promessa do prefeito João Henrique. "A Prefeitura diz que a cultura negra é uma das marcas da cidade, mas como é que fica a destruição de um espaço onde se cultua essa ancestralidade? Não estamos só falando de religião", acrescentou a ialorixá.
A reparação física do terreiro já foi concluída, mas, segundo Leonel Monteiro, os R$ 250 mil são necessários para a compra de materiais utilizados nos rituais religiosos que necessitam ser feitos novamente. Deste valor, de R$ 40 a R$ 50 mil seriam para aquisição de louças onde são depositados preparados sagrados.
O custo dos itens necessários para a consagração religiosa (rituais de fundamento), de acordo com ele, envolve compra de animais, roupas, além da estada de sacerdotes durante um tempo prolongado na casa. "Estamos falando de assentamentos ligados às divindades, mas também de consagrações relacionadas aos filhos-de-santo. O prefeito não está cumprindo o que prometeu", disse Monteiro.
Outra crítica é o que Monteiro e mãe Rosa consideram demora na desafetação do terreiro, ou seja, a desapropriação da área onde ele foi erguido para ser doada à representação civil da casa. A medida deve ser votada pela Câmara Municipal, onde o projeto de lei para este fim se encontra. Para o diretor do Cepaia e doutor em antropologia Vilson Caetano, falta maior empenho dos poderes públicos para resolver questões como as que envolvem o Oyá Unipó Neto. "Os órgãos que vêm se colocando como representantes das populações negras, tanto os do Estado como os do município, têm reagido de forma tímida. Os cultos de matriz africana são um indício do universo africano que se reorganizou no Brasil e, inclusive, estão protegidos pela Constituição", completa.
Dificuldade - O secretário municipal da Reparação, Sandro Correia, disse que há empenho do poder municipal em resolver o problema com o Oyá Unipó Neto, mas cobra parâmetros para questões, como o valor pedido para reposição dos assentamentos. "Nós temos procurado realizar os acordos, mas não há um parecer técnico de um órgão como o Ministério Público, por exemplo, que faça um cálculo dos materiais. Estamos tratando de recursos públicos e temos que ir com muito cuidado". Segundo o secretário, o terreiro deve preparar um documento oficial com detalhamento de custos. "Só então poderemos avançar mais neste sentido", completou Correia.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal, o projeto de lei para a regularização da área do terreiro espera a análise da Comissão de Constituição e Justiça e Redação Final. Só após esta etapa ele irá para o plenário. A previsão é que o parecer fique pronto até a próxima semana.


Fonte: http://www.palmares.gov.br

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AS COMUNIDADES RELIGIOSAS DEVERIAM TOMAR UMA POSIÇÃO SOBRE A AIDS, ADVERTEM LÍDERES RELIGIOSOS COM HIV

Com o objetivo de "quebrar" o silêncio das comunidades religiosas e "lutar contra" o aspecto moral da Aids, líderes religiosos soropositivos fundaram a Inerela (Rede Internacional de Líderes Religiosos Vivendo pessoalmente ou afetados pelo HIV/Aids) uma organização criada na África e que agora está expandindo a sua representação na América Latina.

"Uma vez que a Aids é uma doença transmitida principalmente por via sexual, por razões morais, as Igrejas, durante duas décadas, se mantiveram distante do tema, mas já não podem seguir sem uma posição", disse Ideraldo Luís Beltrame, ministro da Igreja Episcopal Anglicana de São Paulo, Brasil, que assume abertamente ser homossexual e HIV positivo.

A rede Inerela, criada há cinco anos na África, começou com três membros e atualmente tem mais de 3 mil participantes de religiões tão diversas como hindu, judaica, cristã, muçulmana, vudú, candomblé, anglicana, católica ou protestante. O papel que a organização pretende cumprir, além de se expandir para outros continentes, é o de prestar apoio espiritual às pessoas vivendo com HIV e mostrar que este vírus atinge todos os setores da sociedade, inclusive o religioso.

"Atualmente, com o avanço da medicina, as pessoas HIV-positivas encontram muita ajuda nos anti-retrovirais, entretanto, há um vazio espiritual que as igrejas não estão cobrindo e, por isso, os líderes religiosos devem assumir a luta contra a Aids. As pessoas que vivem com o HIV enfrentam conflitos internos, uma vez que lhes é custoso manifestar a espiritualidade em igrejas que expressam repulsa por considerá-los portadores de uma infecção sexualmente transmissível”.

Thomas Dunmore, responsável pelos aspectos programáticos da rede no México, garante que, muitas vezes, as religiões contribuem para o aumento do estigma e da discriminação às pessoas que sofrem desta doença. Ele acrescentou que todas os credos têm uma corrente liberal e outra conservadora, inclusive a católica, por isso é necessário buscar essas vertentes mais abertas e começar a inverter a discriminação dos líderes religiosos até às pessoas que vivem com o HIV.

"Há católicos com o HIV, só que, devido ao seu perfil conservador, é mais difícil para eles tornarem público o seu sofrimento. Por isso, aos nossos membros não perguntamos o seu status, eles podem entrar na rede sem ser soropositivos. E àqueles que expressam ter o HIV, não lhes perguntamos como se infectaram, mas sim, como vivem com a Aids, para que deixem de ver a infecção sob o aspecto moral e passem a encará-la sob o aspecto da doença.

Já o ministro brasileiro, Ideraldo Luís Beltrame , disse que, além da luta contra o estigma do HIV, este grupo religioso pretende começar a quebrar outros preconceitos que muitas igrejas têm com a diversidade sexual.

"Na Igreja Anglicana, a qual pertenço, não há nenhuma regra canônica de celibato, de modo que a sexualidade e o uso de preservativos são permitidos, mas existem posições preconceituosas sobre homossexuais, lésbicas, bissexuais ou tansgêneros. Nesses temas, também temos que chegar a um consenso", concluiu.

Mariana Norandi

Fonte: La Jornada

Tradução: Valéria Polizzi

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sábado, 9 de agosto de 2008


O Pátio Savassi recebe entre os dias 07 a 31 de agosto, no piso L2, a exposição itinerante “Arte Africana”. A mostra, que já visitou diversas capitais brasileiras, traz cerca de 300 objetos de diversos países localizados na parte ocidental do continente africano, a chamada “África Negra”.
As peças da exposição revelam mais do que a arte africana - mostram o próprio modo de vida, costumes e tradições de vários povos do continente negro. A idéia partiu dos marchands Adilson Falcão e Bernardo Amado Figueiredo, que fizeram uma viagem de 40 dias à África. “A arte africana que se conhece no Brasil é a arte Yorubá, vinda principalmente da Nigéria. Nosso objetivo é mostrar que ela é bem mais ampla, afinal existem mais de 900 etnias locais”, explica Bernardo Figueiredo.
Quem vê a exposição também percebe que todos os itens têm uma utilidade. São grandes colheres de madeira minuciosamente esculpidas, vasilhames cuidadosamente planejados, tecidos bem pintados e máscaras utilizadas nos rituais.
A mostra é complementada com fotografias de acervo bibliográfico e da última viagem dos organizadores à África. Durante o evento, monitores estarão à disposição para que os visitantes tenham uma melhor compreensão dos objetos expostos, dentro do contexto local e cultural daquele continente.
Fonte: http://www.revistafator.com.br

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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

RELIGIOSOS COM HIV LANÇAM REDE DURANTE A XVII CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE AIDS

INERELA+. Este é o nome da Rede Internacional de Líderes Religiosos Afetados pelo HIV/Aids lançada na XVII Conferência Internacional de Aids, no México. Os líderes fizeram uma sessão satélite na noite da última quarta-feira (6) para contarem suas experiências envolvendo religião e HIV/Aids. Entre eles, estava o brasileiro Rafael Soares de Oliveira, secretário-executivo do Koinonia na Bahia e também membro do terreiro Casa Branca, em Salvador, Bahia. “Viver é enfrentar obstáculos, mas nunca estar só”, disse. “O candomblé não tem moralismo ou impõe questões de comportamento. No caso do HIV, nós incentivamos a prevenção e o tratamento, pois é necessário o corpo estar bem para ter uma boa comunicação com a divindade”, explicou.No entanto, segundo ele, a própria religião enfrenta estigma e discriminação no Brasil. “Sofremos acusações de sermos adoradores do diabo. A intolerância religiosa é o maior problema”, disse. Segundo ele, este é um dos motivos que o faz entender o estigma sofrido por portadores do HIV. “O maior problema é o fundamentalismo por não ser cristão, isso virou uma questão cultural no Brasil (odiar religiões africanas). Quem é portador do HIV enfrenta o estigma do vírus e também da religião”, comentou. Ele disse em entrevista também que a Casa Branca está sendo perseguida pela prefeitura por não pagar impostos, mas que a mesma é protegida por um patrimônio histórico. Já Gracia Quiroga, da Rede Boliviana de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, também participou do evento e mostrou-se preocupada com algumas religiões. “As vezes certas religiões pregam que um portador não deve tomar remédios e pode se curar pela religião. Principalmente algumas neo-pentecostais fazem isso”, disse. Ela acredita que a rede servirá para diminuir o sentimentos de culpa sobre os líderes e também portadores do HIV, além de discutir estratégias para a aceitação da Aids em religiões.A Koinonia é uma Associação sem fins lucrativos, formada por pessoas de igrejas cristãs e de outras expressões de fé, além de líderes do movimento social. Tem como princípio fundamental o compromisso com o ecumenismo e a democracia tendo em vista a luta em favor da cidadania, contra qualquer forma de exclusão social.O presidente da rede INERELA+ é o reverendo James Matarazzo.Rodrigo Vasconcellos, Cidade do MéxicoA Agência de Notícias da Aids, cobre a XVII Conferência Internacional de Aids com o apoio da Bristol-Myers Squibb, Boehringer Ingelheim, Merck e PfizerAs inscrições para o Prêmio ODM Brasil 2007 foram prorrogadas e estão abertas até o dia 19 de novembro. Podem concorrer prefeituras, empresas e organizações da sociedade civil que desenvolvam ações, programas e projetos que contribuem para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. As inscrições podem ser feitas pelo site www.odmbrasil.org.br ou pelo correio, com o envio da ficha de inscrição e os documentos solicitados no regulamento para o endereço Escola Nacional de Administração Pública (Enap) - SAIS Área 02-A - 70.610-900 - Brasília (DF).

Fonte: http://www.agenciaaids.com.br

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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Terreiro da Casa Branca: patrimônio do Brasil

O Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, chamado em iorubá (língua ritual de seu culto) Ilê Axé Iyá Nassô Oká, é um dos mais antigos e respeitados santuários da religião dos Orixás. Deu origem a centenas de outros terreiros, por todo o País. Dele descendem, por exemplo, os famosos templos do Gantois e do Axé Opô Afonjá, cada um deles fonte de inúmeros outros. Por isso o poeta Francisco Alvim, evocando Edson Carneiro, chamou essa venerável matriz de "Mãe de Todas as Casas".
Implantado a princípio na Barroquinha, em pleno Centro Histórico de Salvador, o famoso Ilê Axé (santuário, em iorubá) que tomou o nome de sua fundadora, a princesa Iyá Nassô, foi o primeiro templo religioso não católico a ser tombado como patrimônio histórico do Brasil (Processo número 1.067-T-82, Inscrição número 93, Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, fls. 43, e Inscrição número 504, Livro Histórico, fls. 92. Data: 14. VIII. 1986). Este tombamento foi decidido em maio de 1984, em reunião do Conselho do IPHAN, e foi homologado em 27 de junho de 1986 pelo então Ministro da Cultura, Celso Monteiro Furtado, nos termos da Lei de número 6292, de 15 de dezembro de 1975, e para os efeitos do Decreto-Lei número 25, de 30 de novembro de 1937.
Mas não é só isso: o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho foi também reconhecido patrimônio cultural da Cidade do Salvador pela PMS, que primeiro o tombou e depois o tornou Área de Preservação Cultural e Paisagística deste município (Decreto Municipal 6.634 de 04.08.82, publicado em 08/08/82; Lei Municipal número 3.591, de 16/12/85). O terreno que encerra os seus principais templos foi desapropriado pela PMS para doação à associação civil que representa sua comunidade religiosa (Decreto Municipal número 7.321 de 05 de junho de 1985, publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia em 08 e 09/11/85, retificado pelo Decreto Municipal de número 7.402, de 16/10/85, também publicado pelo Diário Oficial deste Estado). Posteriormente, o Governo do Estado desapropriou também, para o mesmo efeito (Decreto número 292 de 8 de setembro de 1987), um posto de gasolina que ocupava indevidamente a chamada Praça de Oxum, praça que integra o conjunto monumental deste famoso Terreiro. Tudo isso está bem documentado, é de conhecimento público e matéria de lei que não pode ser ignorada. Teve ampla divulgação na imprensa local e nacional. Tanto a União, através do IPHAN e da Fundação Palmares, como o governo municipal de Salvador investiram na restauração dos monumentos deste Ilê Axé, que agora a Prefeitura soteropolitana ameaça leiloar.
A exposição de motivos que fundamentou o tombamento do Terreiro da Casa Branca pelo IPHAN e os estudos que serviram de base para a edição dos diplomas legais que consagraram a área deste templo e o conjunto de seus monumentos como patrimônio cultural de Salvador o caracterizam enfática e reiteradamente como um templo religioso.
Não cabe dúvida de que o Terreiro da Casa Branca merece esta categorização. Documentos etnográficos e laudos periciais o atestam abundantemente. De resto, este monumento, reconhecido como patrimônio do Brasil, foi tombado como templo religioso pela União e pelo Município... Podem, portanto, dar testemunho neste sentido tanto o Governo Federal quanto a Prefeitura Municipal do Salvador. De resto, além de decretar seu tombamento, o prefeito Manoel Castro também isentou de impostos o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho.
O registro desta célebre Casa nos livros de Tombo Histórico e Etnográfico do IPHAN não foi um ato infundado. Longe disso. Quem tiver dúvidas de seu valor para a memória afro-brasileira pode hoje consultar uma obra magnífica que aborda sua história secular, assinalando, também, suas profundas raízes nos reinos africanos de Oyó e Ketu: refiro-me ao belo livro de Renato da Silveira, "O Candomblé da Barroquinha", editado pela Maianga em 2006. Pode também consultar tese de doutorado de Rafael Oliveira, defendida em 2004 no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFBA, que além de fazer-lhe a etnografia aborda a imensa rede de centros de culto afro-brasileiros ligados ao famoso candomblé do Engenho Velho. Mas isso para falar só de obras recentes... Livros de escritores e artistas do porte de Jorge Amado e Carybé, de etnógrafos como Pierre Verger, Vivaldo da Costa Lima e Roger Bastide falam abundantemente desta Casa sagrada; na verdade, na etnografia do Candomblé baiano é difícil encontrar um estudo que não lhe faça referência.
O prestígio do templo da Casa Branca do Engenho Velho não se circunscreve a Salvador nem ao mundo do Candomblé. Este Terreiro já foi visitado por um Presidente da República (Juscelino Kubitschek), por um Prêmio Nobel (Wole Soynka), por ministros e secretários de Estado, por religiosos de diferentes credos e de diversas partes do mundo: já foram recebidos em seu sagrado recinto um emissário do Vaticano, uma delegação de pastores evangélicos da Noruega, reis-sacerdotes da Nigéria, xamãs indígenas como os xinguanos Raoni e Tacumã e muitos outros visitantes ilustres. Da Comissão de Defesa da Casa Branca participaram, entre outros, o Abade Dom Timóteo Amoroso Anastácio e os comunistas Haroldo Lima e Fernando Santana. A restauração da Praça de Oxum foi feita com base em projeto de Oscar Niemeyer, que o presenteou à comunidade do templo de Iyá Nassô. Três Governadores Baianos (Waldir Pires, Antônio Carlos Magalhães e Jaques Wagner) e vários prefeitos de Salvador já foram recebidos no célebre Terreiro e lhe fizeram homenagem. Nenhum desses visitantes ilustres jamais acreditaria que se pudesse pôr em dúvida a condição de templo religioso da Casa Branca do Engenho Velho.
Como todos sabem, a Constituição Brasileira, no seu artigo 150, considera imunes de impostos os templos religiosos. Mas uma coisa ninguém compreende: porque motivo, ou com que propósito, a Prefeitura Municipal do Salvador insiste em cobrar imaginário débito de IPTU ao Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho e ameaça levar a leilão seus monumentos, seu território sagrado. Por acaso cobra-se IPTU da Igreja do Bonfim, dos templos da Igreja Universal, dos lugares sagrados de outros credos e denominações religiosas em Salvador?
Porque com as religiões do povo negro há de ser diferente? Por que os templos afro-brasileiros são tratados de forma discriminatória? Não estão as autoridades do município conscientes de que o povo da Bahia merece respeito e suas tradições de origem africana devem ser valorizadas? Esqueceram-se disso? Esqueceram a própria legislação municipal?
As ameaças que acompanham a impertinente, obstinada, importuna e desrespeitosa cobrança de um imposto indevido têm levado o desassossego a veneráveis e idosas sacerdotizas, ao povo-de-santo da Casa Branca e de toda a Bahia. É preciso pôr fim a esta ofensa ao sentimento democrático dos baianos; é imperativo fazer cessar este insulto à cultura, esta agressão ao direito. O povo baiano não aceita esse vexame.

Fonte: Terra Magazine

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