A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa entregou ontem ao presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Martin Uhomoibai, e à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial relatório que diz existir uma "ditadura religiosa" promovida pelos neopentecostais no Brasil.
O documento aponta a Igreja Universal do Reino de Deus como propagadora da intolerância religiosa no país, incitando a perseguição, o desrespeito e a "demonização", especialmente da umbanda e do candomblé.
O documento relata 15 casos atendidos pela comissão que se transformaram em 34 ações judiciais no Rio de Janeiro, além de três vítimas que vivem ameaçadas e outros 10 casos de intolerância religiosa em outros quatro Estados.
Há ainda um capítulo que trata do conflito entre neopentecostais e imprensa, que cita reportagem da Folha sobre o império econômico construído pela Igreja Universal. "A Igreja Universal do Reino de Deus, copiada por outras independentes, vem tentando intimidar a imprensa livre. Centenas de ações judiciais são movidas contra veículos de comunicação e profissionais da área", diz o relatório, referindo-se a mais de uma centena de ações na Justiça movidas por fiéis contra o jornal. Até agora, houve 74 sentenças, todas favoráveis à Folha. Em 13 casos, os juízes condenaram os autores por litigância de má-fé -quando se faz uso indevido da Justiça.
A Folha telefonou para a assessoria jurídica da Igreja Universal em São Paulo, que solicitou um e-mail com as perguntas. Até a conclusão desta edição, não havia resposta.
A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, formada por 18 instituições, como a Federação Israelita do Rio e a Congregação Espírita Umbandista do Brasil, pediu para a ONU fazer o seu próprio diagnóstico sobre as denúncias.
"Não estamos perseguindo ninguém, mas mostrando que a democracia corre risco. Estamos sendo demonizados em programas de rádio e TV", afirma Ivanir dos Santos, presidente da comissão.
Segundo Ronaldo de Almeida, antropólogo da Unicamp, a Igreja Universal cresce combatendo outras religiões. Autor do livro "A Igreja Universal e seus Demônios", ele defende que a igreja fortalece seu discurso a partir da relação que estabelece entre religiões afro e problemas financeiros ou na família. "Seu discurso fica mais forte se demonizar os outros. Há, de fato, uma intolerância religiosa", explica Almeida.
O uso da mídia por grupos dentro da Igreja Universal é destacada por Ricardo Mariano, doutor em sociologia pela USP. Para Mariano, os veículos são utilizados para atacar outras religiões. O sociólogo discorda, porém, do viés racista apontado pelo relatório. Segundo o professor, a atitude adotada pela Igreja Universal é motivada por questões estritamente religiosas.
O subsecretário de Políticas para Comunidades Tradicionais da Secretaria de Igualdade Racial, Alexandro Reis, diz que o Plano Nacional contra a Intolerância Religiosa será apresentado em janeiro de 2010.
Fonte: Folha de São Paulo
sábado, 27 de junho de 2009
Comissão vai à ONU acusar Universal de intolerância religiosa
domingo, 21 de junho de 2009
Pai de santo vai processar invasor de Centro Espírita por calúnia e difamação
O policial militar Henrique Sátiro, conhecido com o pai Henrique do Oxossi, vai processar Afonso Henrique, o jovem que postou um vídeo no youtube afirmando que todos os pais de santo são homossexuais e que os pliciais militares são corruptos, por calúnia e difamação. Pelo menos, mais cinco sacerdotes já procuraram a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa para saber como proceder nos processos.
Henrique do Oxossi assegura que não tem preconceito com homossexuais, mas que por ser um pai de família e ter uma filha pequena (já iniciada no culto) precisa dar uma satisfação a seus filhos. “Não vou ficar deixando esses fanáticos falarem o que bem entendem da minha religião sem fazer nada. Ele afrontou toda comunidade religiosa e as instituições. Sou um sacerdote de orixá, tenho orgulho de minha religião. Minha mãe de santo é uma senhora de quase 70 anos, não merece ouvir uma coisa dessas. Já procurei meus advogados e espero que mais sacerdotes tomem a mesma atitude”, desabafou.
Apoio – A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa está recebendo apoio de grupos religiosos de diversos pontos do Brasil, depois da denúncia do vídeo que afronta religiosos e instituições no youtube. A indignação é a tônica das mensagens, que estão chegando as centenas. Muitas já confirmando presença na Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, em 20 de setembro de 2009, na praia de Copacabana.
Polícia Civil – O delegado Henrique Pessoa está indo agora à tarde na Delegacia de Repressão a Crimes da Internet (DRCI) procedera instauração do inquérito policial. O pedido de prisão de Afonso Henrique já está sendo analisado e dependendo do entendimento do titular da DRCI. A expectativa é que a prisão temporária aconteça até o início da próxima semana.
sábado, 20 de junho de 2009
Justiça manda prender pastor e jovem que atacaram umbandistas
s primeiras prisões no país por crime de intolerância religiosa ocorreram no Rio. Afonso Henrique Alves Lobato, de 26 anos, e Tupirani da Hora Lores, de 43, membro e pastor, respectivamente, da Igreja Geração Jesus Cristo, localizada no Morro do Pinto, Zona Portuária do Rio, foram presos nesta sexta-feira por policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). A juíza Maria Elisa Peixoto Lubanco, da 20 Vara Criminal, decretou a prisão preventiva dos dois acusados ( assista às imagens da prisão ) .
Tupirani e Afonso Henrique vão responder pelos crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime. Segundo a delegada Helen Sardenberg, da DRCI, o artigo 20 da lei 7.437, de 1985 - mais conhecida como Lei Caó, que cria sanções para o preconceito contra raça, cor e religião. O crime tem uma pena prevista que vai de dois a cinco anos de prisão. O delito é inafiançável, ou seja, o acusado tem de aguardar o julgamento na prisão ( assista ao vídeo em que o pastor Tupirani defende Afonso Lobato ).
Em março deste ano, com o consentimento do pastor Tupirani, Afonso Henrique divulgou na internet um vídeo em que faz ofensas às religiões afro-brasileiras, às polícias Civil e Militar e à imprensa. No mesmo vídeo, Afonso Henrique diz que todo pai-de-santo é homossexual. O jovem e outros três seguidores da Igreja Geração Jesus Cristo invadiram e depredaram, em junho do ano passado, o Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete. Os quatro foram presos e condenados a pagar cestas básicas.
Em entrevista ao EXTRA, o pastor Tupirani apoiou a iniciativa de Afonso Henrique em divulgar o vídeo, alegando que o jovem tinha direito à liberdade de expressão. O pastor também postou um vídeo na internet dizendo-se contrário às leis dos homens e desafiando as polícias e as Forças Armadas.
Fonte: http://extra.globo.com
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Câmara proporá isenção de IPTU para terreiros em Teresina
Roupas brancas, tambores e cantoria. A Câmara dos Vereadores de Teresina, virou um centro de umbanda nesta sexta (19) por conta da audiência pública solicitada pela vereadora Rosário Bezerra (PT). Na ocasião a parlamentar afirmou que proporá à Casa a isenção de IPTU para os terreiros, assim como ocorre com os templos católicos.
A vereadora anunciou ainda que solicitará aposentadoria dos seguidores de religiões de matriz africana junto ao INSS além de políticas de saúde e habitação.
Para a mãe-de-santo, Ester de Iansã (foto), cujo nome de nascimento é Maria do Desterro Alves de Sena, esta reivindicação é antiga. “Além desta isenção, estamos pedindo para acabar com descriminação aos terreiros. Queremos ter lugar para nos encontrar e reunir com os frequentadores”, descreve a ialorixá que tem seu centro no conjunto Dirceu. Segundo ela há pelo menos uma centena de terreiros na região.
Ao subir na tribuna, Ester afirmou que há praticantes de religiões de matriz africana em todos os campos da sociedade. “Nós somos gente do bem. Existem médicos, advogados, hoje a umbanda tem outra cara”, afirma.
Alcir Marcos, da Coordenadoria dos Direitos Humanos, já existe em Teresina um trabaho de combate à intolerância religiosa. “Existe muito preconceito (para com as religiões africanas). Os frequentadores são considerados macumbeiros e isso virou estigma negativo”, segundo Marcos, foi realizado um mapeamento que apontou mais de 300 terreiros de umbanda ou candomblé em Teresina. “É curioso o Piauí ser um estado católico e ter mais terreiros que Igrejas”, analisa. Para ele, os terreiros apresentam um patrimônio cultural muito grande e são a memória de um povo.
Fonte: http://www.cidadeverde.com
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Exposição “Caminho pelos Orixás” no Espaço Dafne
A abertura da exposição “Caminho pelos Orixás”, da artista plástica Rosalina Fernandes, será no dia 20 de junho (sábado), às 20h, no Espaço Dafne. A exposição fica aberta para visitantes do dia 21 até o dia 29 de junho, das 15h às 19h. Para saber mais da obra da artista segue o endereço: http://www.flickr.com/photos/rosalinafernandes/
A exposição conta com 2 quadros de 120 cm x 70cm, 12 de 150cm x 90cm e 2 painéis: um de quase 5 metros e outro de aproximadamente 3 metros, todos acrílico sobre tela, produzidos em um pouco mais de dois meses.
Rosalina leva para sua obra referências próprias: corpos definidos e fortes, característica da sua formação acadêmica como educadora física. “Fui atleta e carrego a preocupação de ter e manter o corpo saudável. Passo isso para os meus alunos e agora, através da minha arte. A plástica dos corpos é muito importante para mim. Aproveitei que os Orixás carregam as características de guerreiros e caçadores e os concebi fortes e vigorosos”, afirma a artista. Essa característica também aparece na primeira fase, mais acadêmica, nos quadros em que ela retrata os atletas em ação.
Outra marca bastante forte na pintura de Rosalina são os rostos andróginos que ela escolheu para caracterizar seus Orixás. “Tanto os masculinos quanto os femininos estão com os rostos muito parecidos. Apenas os semblantes, muito sutilmente, transmitem impressões levemente diferenciadas”, explica o professor Paolo. A androgenia é comum nas obras religiosas da tradição judaico-cristã – os anjos são um bom exemplo dessa mescla entre o feminino e o masculino.
Sobre a autora
Rosalina teve suas primeiras aulas de arte em Itararé (interior de São Paulo) com uma freira. Nos últimos dois anos, a artista é presença assídua do atelier Casa e Jardim, localizado no Campo Belo, do artista Paolo Quaglio.
No final de 2008, um pai-de-santo encomendou uma série de telas dos orixás africanos para decorar seu novo espaço. Sem nenhuma intimidade com o tema, Rosalina pesquisou referências e compôs seu desenho. Durante a produção desses Orixás, a artista sentiu que as pinceladas fluíam, que a combinação de cores acontecia naturalmente, e os traços, até então considerados acadêmicos, ganhavam movimento e personalidade. Em pouco tempo, toda obra estava pronta.
A partir daí, novas encomendas começaram a surgir, e a artista decidiu fazer uma exposição com os orixás africanos. Assim, o “Caminho pelos Orixás” é mais do que uma exposição de arte. É o seu florescer como artista.
Fonte: http://catracalivre.folha.uol.com.br